segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Montemor protege idosos

Prevenção é a palavra de ordem do Programa Idosos em Segurança que a GNR tem vindo a desenvolver em todo o território nacional. Montemor está na “linha da frente”

As queixas multiplicam-se e o distrito de Coimbra afigura-se como um espaço privilegiado, que soma recordes a nível nacional. Falamos das “investidas” dos burlões que, eventualmente usando os bons acessos, chegam à região, tomam de assalto as poupanças dos mais velhos e depois partem sem deixar rasto.
Apresentam-se com as mais diversas “caras”, desde funcionários da Segurança Social (o mais comum) a elementos das Finanças, mas também há os que “vestem a pele” de trabalhadores da EDP, ou de empresas de gás. Bem vestidos e bem-falantes, chamam a atenção dos mais velhos e naturalmente mais fragilizados, e “convidam-nos a “saldar contas”. Há também outro artifício, que se prende com a saída de circulação de determinadas notas que é necessário substituir, ou apresentam-se ainda como amigos de familiares distantes, que os incumbiram de trazer uma qualquer encomenda, que, para ser “resgatada” impõe entregar, primeiro, dinheiro vivo. As apresentações são diversas, mas o crime é sempre o mesmo - burla - e as vítimas por excelência estão por demais identificadas: idosos.
Feito o diagnóstico, é tempo de agir e a GNR tem-se afirmado na linha da frente deste combate, alertando, dando conselhos, sensibilizando, em suma, prevenindo e procurando evitar que a burla aconteça, uma vez que, depois do “mal feito”, como diz o ditado, “não há remédio”. E é neste quadro que surge o Programa Idosos em Segurança, que tem vindo a ser desenvolvido e que até ao próximo dia 15 assiste a um especial reforço, com um conjunto de acções a desenvolver no terreno, seja em contactos pessoais, feitos porta-a-porta, nas mais distantes provações, seja em iniciativas concertadas, junto de lares, centros de dia ou outros locais onde exista uma particular concentração de idosos.
Montemor-o-Velho também tem vindo a fazer esse trabalho no terreno e amanhã é tempo de voltar à rua, com contactos porta-a-porta, primeiro e, depois, uma sessão de esclarecimento no Centro de Dia de Meãs. O objectivo é «transmitir uma série de conselhos sobre segurança, em sentido geral», afirma o comandante do Destacamento, sublinhando que em causa estão pessoas que «na maioria dos casos vivem sozinhas, por vezes em locais isolados e que precisam de algum cuidado acrescido». «Fornecemos um conjunto de alertas e damos conselhos, no sentido de permitir que as pessoas estejam precavidas», adianta ainda o alferes Eurico Nogueira, sublinhando que esta prevenção «é a melhor», se não mesmo a única forma de “pôr travão” à actuação dos burlões.
Apesar de reconhecer que o distrito de Coimbra «tem sido uma das zonas mais fustigadas a nível nacional», tendo em conta dados de um relatório recentemente divulgado – facto que em seu entender pode ter alguma justificação nas boas acessibilidades – a zona do Destacamento de Montemor-o-Velho, que envolve os concelhos de Montemor-o-Velho, Figueira da Foz e Soure contraria a regra. Uma situação que, no entender do comandante do Destacamento, poderá justificar-se pela «actuação preventiva» que os militares da GNR ali têm vindo a desenvolver.

“Cifras negras” preocupantes

Relativamente a números, Eurico Nogueira afirma que desde o início de 2008 o seu destacamento tem registo de 24 situações de burla, 17 das quais ocorridas no ano passado e sete em 2009. Em termos de verbas envolvidas, em números redondos, rondam os 50 mil euros e, quanto à média de idade das vítimas, cifra-se, de acordo com aquele responsável, nos 79 anos.
Todavia, apesar do optimismo, o comandante do Destacamento de Montemor ressalva as «cifras negras», ou seja, os casos de burla que, em seu entender, se verificam e, por várias razões, especialmente «por vergonha», não chegam ao conhecimento das autoridades policiais. «São casos reais que não são denunciados», refere, considerando que se trata de uma situação especialmente «preocupante» e que as acções desenvolvidas no âmbito do Programa Idosos em Segurança pretende ajudar a resolver.
A propósito, Eurico Nogueira sublinha uma ideia fundamental que em seu entender é necessário “passar” para a população: «a Guarda existe para os ajudar». Por isso «transmitimos um conjunto de conselhos e alertas, para que se possam defender». Todavia, diz ainda, «também precisamos que nos ajudem a nós», ajuda que se materializa não apenas nos «cuidados redobrados em termos de segurança que devem ter, mas também denunciando as situações, caso elas aconteçam».
«Ninguém dá nada a ninguém», adverte o comandante do Destacamento da GNR de Montemor, pedindo às pessoas em geral, e aos idosos em particular, que «desconfiem» sempre que surgem situações em que isso parece acontecer. Porque só parece mesmo, uma vez que, o que acontece, é um número inquantificável de vítimas, que ficam sem as suas poupanças e poucas ou mesmo nenhumas possibilidades de as recuperarem.
Acção de sensibilização decorre amanhã

Destacamento da GNR de Montemor continua a desenvolver as acções de sensibilização, junto da população mais idosa, alertando para as investidas dos potenciais burlões. De acordo com o comandante, estas iniciativas, efectuadas em lares ou centros de dia, já envolveram mais de quatro centenas de idosos. A estas somam-se ainda as acções de rua. Amanhã a actuação dos militares começa precisamente com uma visita porta-a-porta, pelas 14h30, seguindo-se uma sessão de esclarecimento, a realizar, a partir das 15h00, no Centro de Dia de Meãs.

Escrito por Manuela Ventura
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=4725&Itemid=135

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