
Um homem de 41 anos matou ontem a mulher, de 35, com um tiro de caçadeira e, já dentro do posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Montemor-o-Velho disparou com um revólver sobre dois militares, um deles acabando mesmo por falecer. O outro elemento da GNR sofreu ferimentos numa anca, mas encontra-se livre de perigo no Hospital da Figueira da Foz.
Tudo aconteceu depois das 8h00, quando Manuela Silva chegou ao posto, acompanhada da filha de cinco anos, para apresentar uma queixa por agressões do marido, com quem já não viveria há alguns meses. De acordo com informações do comando geral da GNR, «por serem visíveis sinais» de maus-tratos, os militares chamaram a ambulância, «que após ter assistido a mulher, se dirigiu para o Gabinete Médico-Legal da Figueira da Foz».
Durante o percurso, a ambulância do INEM foi seguida pelo agressor, obrigando o condutor da viatura médica a regressar ao posto, por questões de segurança, até porque o marido da vítima barrou mesmo a viatura, «ameaçando os socorristas».
Quando o condutor da ambulância parou em frente ao quartel, Mário Pessoa, conhecido por Paulo “Vintém”, «pediu para ver a mulher e nesse instante baleou-a», com a filha a assistir a tudo. A menina, com ferimentos ligeiros, foi transportada à pediatria do Hospital da Figueira da Foz.
«De imediato, os guardas efectuaram a detenção, retirando-lhe a caçadeira, e encaminharam-no para o interior do posto», continua o comunicado da GNR, acrescentando que já nas instalações, «próximo das celas, quando os dois militares se preparavam para fazer a revista pessoal de segurança, o homicida retirou um pequeno revólver (que estaria escondido num dos bolsos) e baleou os dois militares».
O guarda José Dias, residente na Granja do Ulmeiro, apesar das manobras de reanimação do INEM, acabou por falecer, não tendo sido, todavia, apurado totalmente, se a morte foi provocada directamente pelo tiro ou por algum problema decorrente da situação. O corpo foi removido para o Gabinete Médico-Legal da Figueira da Foz.
Família não estava referenciada pela CPCJ
Manuela Silva residia com os dois filhos – a menina de cinco anos e o filho com 12/13 anos -, no lugar de Porto Luzio, na freguesia da Carapinheira, e trabalhava actualmente numa loja chinesa, junto ao Intermarché. Mário morava em casa dos pais em Bandorreira de Cima e estaria ligado à exploração de um pequeno café. É conhecido na terra por uma pessoa com alguns problemas de personalidade, mas com uma «grande dedicação aos filhos». Aliás, apesar das desavenças, esta família não estava referenciada pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do concelho, apurou o Diário de Coimbra.
As desavenças do casal são antigas – embora não haja registo de mais queixas de violência doméstica na GNR - e, não raras vezes, muitos daqueles que se concentraram ontem à porta do posto da GNR de Montemor-o-Velho, o ouviram dizer que um dia haveria «de matar aquela loura». No entanto, ninguém imaginaria que das palavras passaria à acção.
À hora de almoço, junto a casa de Manuela, praticamente não se via ninguém. Unicamente uma amiga, alertada pela tragédia, ali se deslocou para tentar perceber como estavam as crianças. «Ela engoliu muito para tentar salvar este casamento e acabou assim», desabafou, acrescentando que o rapaz estaria com os avós paternos e a menina com a madrinha.
A morte do agente José Dias, com cerca de 40 anos, deixou consternada a população de Montemor e da freguesia onde residia, Granja do Ulmeiro. Casado, o militar deixa duas filhas menores.
O homicida detido foi entregue à Polícia Judiciária – Directoria de Coimbra, que se deslocou ao local e prossegue com as diligências processuais.
Fonte e imagem: http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=5099&Itemid=135
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