terça-feira, 9 de novembro de 2010

URBANIZAÇÃO EM PEREIRA

Intervenção de emergência para parar deslizamento

A análise técnica realizada ontem aos prédios da Quinta de São Luiz, na vila de Pereira, que se deslocaram desde quinta-feira, provocando o surgimento de rachas e fendas, revelou que, de momento, os imóveis não representarão perigo imediato para os cerca de 50 moradores.
Ontem, ao final da tarde, numa reunião onde estiveram presentes elementos da Protecção Civil Municipal e Distrital, bombeiros, Cruz Vermelha, técnicos municipais e também do Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção (iTeCons) da Universidade de Coimbra, foi decidida a realização de uma intervenção de emergência para suster o talude, uma forma de, para já, parar o movimento dos edifícios, que se voltou a manifestar durante a noite de ontem.
O vereador do Protecção Civil da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho explicou aos jornalistas, no final do encontro que, «não existe, neste momento, nada que motive risco para os moradores», explicando que, pelo menos por agora, «não serão evacuados».
Explicando que a chuva dos últimos dias, associada às escavações da obra da Unidade de Cuidados Continuados da Misericórdia de Pereira «poderá ter agravado a situação», Abel Girão não quis adiantar razões concretas para o deslizamento dos imóveis, justificando que «a preocupação da Câmara Municipal é exclusivamente em termos de protecção civil», deixando para mais tarde uma «avaliação de toda a encosta».
De resto, ao final da tarde iria começar a ser feita uma intervenção de consolidação do talude, que estará terminada, segundo as previsões, até ao final do dia de hoje. Entretanto, revelou ainda o vereador, a autarquia estava também a preparar toda a logística necessária a uma eventual evacuação dos moradores, que será realizada caso a situação se deteriore.
À semelhança do que já acontecia desde sábado, vários técnicos monitorizam a evolução dos imóveis, recorrendo, inclusivamente, a técnicas de topografia, como meio para detectar qualquer tipo de movimento.
Quem não ficou satisfeito com a decisão de não realizar a evacuação foram os moradores, alguns dos quais se deslocaram aos Paços do Concelho e receberam explicações por parte dos técnicos.
Agastado com a solução, que já tinha preconizado antes de lhe ser comunicada, Acácio Tarrafa disse aos jornalistas que «o risco continua lá, pelo que não estou mais descansado», sustentando ainda que «são remendos aquilo que lá vão fazer».

Dedo apontado à obra vizinha
Preocupados com os seus bens e as suas casas, mas, especialmente, com a sua segurança e dos familiares, os moradores relataram que, nos testes realizados de manhã, a terra “engoliu”, literalmente e com grande facilidade, dois ferros, de dois e quatro metros, que os técnicos espetaram.
Este episódio confirmou, no entendimento dos moradores, que os terrenos situados por baixo dos prédios estão instáveis e não apresentam condições de segurança, pelo que defendem, como é o caso de Acácio Tarrafa, a evacuação até a situação ser resolvida.
Este e outros moradores relacionam o movimento dos três blocos em questão, um dos quais de forma muito perceptível - afastando-se o suficiente para caber uma mão entre dois dos imóveis - , com a escavação das fundações para a construção da Unidade de Cuidados Continuados.
«Há quatro anos que moramos aqui e nunca houve problemas com os prédios, só desde que começou a obra», referiu outro morador, Pedro Pires, estabelecendo uma relação causa-efeito, muito embora admita, tal como os vizinhos, que o problema possa estar na forma como os imóveis foram implantados, e “posto a nu” pelas escavações vizinhas.
Os primeiros sinais evidentes foram detectados ainda na quinta-feira e transmitidos à autarquia no dia seguinte. Os últimos quatro dias terão sido fundamentais para a evolução negativa da situação, com os prédios a separarem-se vários centímetros e aparecerem fendas de dimensão considerável nos blocos de habitação, mas também na rua adjacente, que está cortada ao trânsito automóvel. O movimento provocou ainda rupturas nas redes de gás, e água.

Município admite queixa ao Ministério Público
Ontem de manhã, durante a reunião do executivo, o presidente da Câmara Municipal de Pombal reafirmava que a sua prioridade é a «segurança das pessoas», frisando que «estamos extremamente preocupados, mas atentos», referindo a vigilância constante por parte dos técnicos».
Luís Leal recusou-se a apontar responsabilidades, por não ser «a melhor hora», mas não deixou de frisar que as causas e responsáveis vão ser apurados a seu tempo, não excluindo a hipótese, caso isso se justifique, de apresentar queixa ao Ministério Público.
A situação afecta, não só moradores, como os proprietários de imóveis ainda por habitar, um dos quais esteve ontem nos Paços do Concelho, onde se lamentou dos prejuízos provocados pela anulação de escrituras que já tinha marcadas.

Escrito por José Carlos Salgueiro
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=9834&Itemid=135

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