terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prédios “cederam” na Urbanização Quinta de S. Luiz

Os moradores de pelos menos dois blocos da Urbanização Quinta de S. Luiz, em Pereira, Montemor-o-Velho, preparavam-se ontem para uma noite de inquietação. Com desníveis e fendas nos edifícios, temem a chegada anunciada das chuvas e a derrocada de um frágil muro que separa o acesso às garagens do buraco de uma obra.
Foi há cerca de um mês, após o início de uma obra na urbanização, que os moradores do bloco 34 da Quinta de S. Luiz sentiram as primeiras mudanças na estrutura do prédio, construção já com cinco anos e que «nunca tinha dado qualquer problema». Depois sugiram os cortes de abastecimento de água e de gás, que os moradores dizem ter acontecido após «rebentamento de condutas», a semana passada «as garagens chegaram a ser inundadas».
Por tudo isto, a obra de construção de uma unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Misericórdia foi parada na sexta-feira. Ontem, o cenário era de grande preocupação, com os moradores a chamarem os jornalistas para observar, in loco, as fendas nas juntas dos prédios – algumas já de sete centímetros –, as inclinações e os preocupantes desníveis nos passeios.
Pedro Pires, um dos moradores do bloco mais afectado – o outro está imediatamente em frente, mas do outro lado da estrada, é o prédio da pastelaria Barca Doce – disse ao Diário de Coimbra que «os problemas não se devem ao prédio em si, que já está feito há mais de cinco anos», mas sim à referida obra. Carla Lucas acrescenta que no espaço de uma semana as fendas e os desníveis se foram agravando.
Todos os moradores apontam o dedo à construção em curso no terreno ali ao lado, mas a um nível bastante mais baixo, criando uma «encosta com pouca sustentação» dos terrenos. «O abatimento foi tal que agora parece que foi criado um degrau no acesso ao prédio», repara Marta Vilão.

“Estamos em segurança?”
«Será que estamos aqui seguros? Podemos dormir descansados? E se chover?». As perguntas eram repetidas por Acácio Tarrafa, em nome das cerca de 20 famílias do bloco de prédios, um total de meia centena de pessoas, entre as quais diversas crianças. «Se chover, a situação agrava-se, o terreno já está a ceder e o muro pode cair arrastando tudo atrás», acrescentava o morador, lamentando que «a obra tenha simplesmente parado». «Deviam estar aqui 24 sobre 24 horas se preciso fosse para construir uma estrutura de suporte», indignava-se Acácio Tarrafa, corroborado pelos presentes.
Os moradores reparam, por exemplo, que algumas das portas e janelas do apartamento já estavam a fechar com dificuldade, provavelmente devido aos desníveis, e alertam para a necessidade de alguém assumir as responsabilidades por eventuais danos na estrutura, mesmo depois de reposta a segurança.
Desde a primeira hora, os moradores contaram com o apoio e presença do presidente da Junta de Freguesia de Pereira, António Rasteiro, que ao fim da tarde permanecia no local. O engenheiro da Protecção Civil Hélder Araújo coordenou durante todo o dia as operações de monitorização . Mas não só. Por ali passaram também, durante o dia, outros técnicos da Câmara de Montemor-o--Velho, responsáveis da obra em causa e funcionários dos serviços de gás.

Sem alarme para já, mas com atenção às chuvas
«Para já, penso que não existem razões para criar alarmismo», dizia ontem ao final da tarde o engenheiro da Protecção Civil na autarquia de Montemor-o-Velho, Hélder Araújo. O responsável e uma equipa técnica estiveram no local durante todo o dia a fazer medições e monitorização do risco. «Tendo em conta as marcações que fizemos de manhã e agora ao final do dia, achamos que não existem motivos de alarme», afirmou ao Diário de Coimbra, respondendo assim, ainda que indirectamente, às dúvidas dos moradores. Estes permaneceriam, todavia, em desassossego, principalmente por causa da previsão de chuva.
A chuva é, como admitiu Hélder Araújo, uma variável importante. «Já consultámos os serviços de Meteorologia para saber da previsão de chuva e vamos estar atentos», referiu, acrescentando que bombeiros e forças de segurança também seriam alertados para uma eventual vigilância nocturna.
O presidente da Junta, António Rasteiro, revelou que António Girão, vereador da Protecção Civil, fará hoje um balanço da situação e que para amanhã está marcada uma reunião na Câmara Municipal com todos os interessados – técnicos, responsáveis de obra, engenheiros e, eventualmente, com opiniões de especialistas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil - para «avaliar danos e riscos e para delinear um plano de segurança que, só no limite, deverá determinar a evacuação».

Escrito por Andrea Trindade
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=9816&Itemid=135
Reunião de hoje vai avaliar se os blocos continuam em movimentação. Moradores mostram-se preocupados
Técnicos da Universidade de Coimbra e da Câmara de Montemor-o-Velho reúnem esta manhã, na autarquia, para analisar o deslizamento de prédios que se tem vindo a verificar nos últimos dias na Urbanização Quinta de S. Luiz, em Pereira. No encontro, que conta com a participação do promotor da obra, bem como do presidente da Junta de Pereira, deverá ser analisado em profundidade o caso, percebendo-se se a situação está estabilizada ou os blocos continuam em movimentação.Os desníveis e fendas entre pelo menos dois blocos da Urbanização Quinta da S. Luiz já se vinham a notar há alguns dias, mas foi no sábado que a situação se agravou, com dois blocos a ficarem literalmente separados um do outro. As fendas chegaram a atingir vários centímetros, para preocupação dos moradores que, desde então, vivem em sobressalto.Responsáveis da Protecção Civil da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho acabaram por ir ao local e dar alguma tranquilidade aos moradores, mas a verdade é que, desde então, tem estado, permanentemente, um piquete de segurança na zona afectada da urbanização. Ao Diário de Coimbra, o presidente da Junta de Freguesia de Pereira explicava que os técnicos da autarquia e da Universidade de Coimbra permaneciam no local a colocar testemunhos entre as frestas, «para perceber se há alteração ou não». «Mas está tudo tranquilo», dizia António Rasteiro.Entre os moradores, contudo, mantém-se a preocupação, tanto mais porque dizem ter havido uma alteração durante a noite. «De ontem para hoje já há mais duas fissuras na casa, ou então não as tínhamos visto», disse Acácio Tarrafa, um dos moradores, que falava representando as cerca de 20 famílias que habitam o bloco mais afectado. «É mesmo na placa da espinha dorsal do prédio», explicou ainda o morador, preocupado, ainda que os responsáveis presentes ontem no local lhe tenham transmitido uma mensagem de tranquilidade. «Para já não vêem perigo, mas confirmam um deslizamento grande de terras», diz ainda, sublinhando que é preciso fazer alguma intervenção rapidamente, tanto mais porque as chuvas «podem agravar enormemente a situação». As fendas e desníveis terão sido provocados pela obra de construção de uma unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Misericórdia, que acabaria por ser parada na sexta--feira. Os moradores afirmam que os prédios, construídos há cinco anos, nunca apresentaram qualquer problema.
Escrito por Margarida Alvarinhas

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