sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Confessa tiros contra a mulher mas não na GNR

Acusado de ter assassinado a tiro a mulher, um militar da GNR e ferido outro, Mário assume-se fã de'westerns'

O julgamento de Mário Pessoa, suspeito da morte da mulher e de um militar da GNR pôs ontem em alerta máximo o Tribunal Judicial de Montemor-o-Velho. No entanto, o arguido, acusado de duplo homicídio, Mário Pessoa, 42 anos, alvo de todas as iras, entrou na sala de audiências como se fosse um herói. Insistiu na tese de que a mulher, "uma deusa", não o honrava como marido.
Casaco preto de cabedal com a gola levantada, camisa branca e calça preta, pede perdão, chora, fala com "toda a fé pura", diz que pegou nas armas "mas não era para matar". Tinha armas para a caça" e uma que "parecia a pistola de John Wayne". Sim, adora filmes de cowboys e, sim, tem o vício dos cavalos, assumiu ontem.
Mas falou com muitas contradições. Na ambulância "dei dois tiros, aquilo é rápido", mas em relação ao que aconteceu dentro do posto da GNR não sabe explicar. "Quero pedir perdão, até hoje sou um zombie." Nega as desavenças do casal, a tareia na mulher no dia da tragédia, "só lhe bati duas vezes, uma quando namorava, outra já casados". Afirma, sim, que, no dia fatídico tiveram relações de manhã cedo e até caíram da cama, na casa onde ela vivia com os filhos. E se ela se queixava de ferimentos na boca foi porque ele lhe enfiou os dedos na boca para "que os meninos não ouvissem" os barulhos. "Ela até me mordeu, tenho aqui umas marcas..." Porém, conta, o filho foi ao quarto e disse: "Pai, a mãe foi à polícia fazer queixa de ti para tu ires preso."
O que terá ocorrido a seguir está na acusação: com caçadeira, Mário Pessoa mata Manuela Costa, a 29 de Novembro de 2009 à porta do quartel da GNR de Montemor-o-Velho. Ela estava dentro da ambulância dos bombeiros. Detido, dentro do posto da GNR, terá disparado com um revólver que tinha no bolso das calças. O soldado David Dias morreu, o cabo Adérito Teixeira ficou ferido. Ontem, Mário começou a ser julgado por 11 crimes. Homicídio (dois consumados e dois na forma tentada), incêndio (terá ateado fogo em casa dos pais), condução perigosa de veículo, dois crimes de coacção agravada, resistência e coacção sobre funcionário, detenção de arma proibida e violência doméstica.
Após ouvir a acusação, Mário diz: "Tanta mentira, amava a minha querida Manuela. Quero pedir perdão à jovem viúva [do militar da GNR], ao meu cunhado..."
Porque não se matou? "Estou destinado a sofrer", justifica o arguido na resposta à pergunta do juiz-presidente, Pedro Figueiredo. E até contou que já foi "agredido [em Custóias] por elementos do gangue de Valbom".

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/Interior.aspx?content_id=1714474&seccao=Centro

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