sexta-feira, 19 de novembro de 2010

JULGAMENTO ESTA SEMANA

Homicida de Montemor julgado por 11 crimes

Matou a mulher com uma caçadeira, dentro de uma ambulância, e um militar da GNR, com recurso a um revólver

O Tribunal de Montemor-o-Velho começa a julgar, esta semana, o indivíduo que, no dia 29 de Novembro de 2009, baleou a esposa, de quem se encontrava separado, dentro de uma ambulância dos Bombeiros Voluntários, à porta do posto da GNR local, acção que seria agravada pela morte de um dos guardas, a tiro de revólver, já depois de ser imobilizado e detido.
No total, Mário Pessoa é acusado de 11 crimes, de onde se destacam quatro homicídios qualificados, dois dos quais na forma tentada. Em causa estão as mortes da esposa, Maria Manuela, e do militar José Venâncio, considerando o Ministério Público que o arguido tentou também matar a filha, que se encontrava na ambulância, junto da mãe, assim como outro militar, Adérito Teixeira, atingido na anca, por ter conseguido desviar a ama.
Para além destes crimes, cada um passível de uma pena de prisão que vai dos 12 aos 25 anos, o indivíduo, agora com 42 anos, é acusado de um crime de violência doméstica, um de incêndio, dois de coacção agravada, um de resistência e coacção sobre funcionário, assim como de detenção de arma proibida.
Aliás, para além das armas usadas no crime, nomeadamente uma caçadeira semi-automática e um revolver de calibre 0.32 Smith and Wesson Long (equivalente a 7,65mm), as autoridades encontram um vasto arsenal, tanto na viatura do arguido como, posteriormente, nas buscas efectuadas na sua residência.
Em concreto, no dia do crime, no carro de Mário Pessoa, foi encontrada uma caixa com 19 cartuchos para caçadeira, assim como uma faca de cozinha, com lâmina de 10 centímetros. Na habitação, na Carapinheira, para além de algumas dezenas de munições, as autoridades apreenderam duas caçadeiras (de 9 mm e 12 mm) e uma carabina “St Etienne” calibre .22 (5,6mm) “long rifle”, assim como uma espingarda de ar comprimido “Diana”, de calibre 4,5 mm, e um silenciador de fabrico artesanal. O Ministério Público destaca o facto de todas as armas e munições estarem em perfeito estado de conservação e funcionamento.

Violência doméstica acaba em morte
O caso que agora começa a ser julgado, no Tribunal Judicial de Montemor-o-Velho, terá sido o culminar de anos de maus-tratos e violência conjugal, da parte de Mário Pessoa para com a esposa, Maria Manuela Rama Costa, casados desde Setembro de 1995.
A acusação não precisa o início os abusos, mas situa-o em finais de 1996, referindo que a vítima acabaria por deixar o lar conjugal em 1998.
O crime reporta-se a 29 de Novembro de 2009 quando o arguido, segundo a acusação, se terá deslocado à residência da mulher, cerca das 6h00, instando-a a manter relações sexuais.
Perante a resposta negativa, terá partido, mais uma vez para a violência, desferindo-lhe murros na cabeça, nos braços e no rosto, agressões que deixaram vestígios de sangue em vários locais da habitação.
Maria Manuela conseguiu escapar-se, com a filha de seis anos, escondendo-se no exterior, perante as ameaças de Mário Pessoa, de que iria buscar uma caçadeira para a matar.
Tendo pedido socorro, por telefone, aos sogros, Maria Manuela foi conduzida por estes ao posto da GNR de Montemor-o-Velho, para que apresentasse queixa, de onde seguiu, já numa ambulância, em direcção ao Hospital Distrital da Figueira da Foz.
O arguido terá interceptado a ambulância e, com ameaça de arma de fogo, forçou-a a parar. O motorista optou por inverter a marcha e regressar ao posto da GNR, onde o homem acabaria por concretizar a morte da esposa.
A caçadeira apontada terá sido suficiente, segundo a acusação, para atemorizar os quatro militares presentes no exterior do posto o que deixou o homem livre para entrar no veículo e efectuar, pelo menos, três disparos à queima-roupa, provocando a morte da mulher. A filha foi atingida por 32 chumbos, no abdómen, numa perna e no braço direito.
Não satisfeito, o homem, já depois de ter saído da ambulância, regressou e efectuou mais dois disparos, sendo então desarmado por um dos militares e conduzido ao interior do posto.
Quando dois dos guardas se preparavam para colocar o detido o interior de uma cela, este sacou do revólver e disparou. Um dos militares teve um gesto reflexo que desviou o primeiro tiro para a sua coxa, mas o seu colega, José David Venâncio Dias, teve menos sorte, sendo atingido com três disparos que lhe provocaram a morte.
O homem é ainda acusado de um crime de incêndio, por, alegadamente, ter tentado queimar a residência onde vivia com os pais, espalhando pólvora de vários cartuchos numa carpete e incendiando-a. As chamas seriam apagadas pelo próprio pai, que chegou entretanto a casa.

Escrito por José Carlos Salgueiro
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=9959&Itemid=135

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