sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Acusado da morte da mulher pede perdão em tribunal

O homem que começou esta quinta-feira a ser julgado em Montemor-o-Velho, acusado da morte da mulher e de um militar da GNR, prestou declarações durante mais de três horas, pediu perdão, chorou, mas garantiu que não viu "ninguém morrer".
O arguido aceitou falar após ouvir a acusação de que é alvo - na qual lhe são imputados 11 crimes, 4 de homicídio, 2 dos quais na forma tentada -, tendo igualmente respondido às questões de colectivo de juízes, Ministério Público e advogados.
"Tanta mentira escrita sobre mim que está aí", disse Mário Pessoa, 42 anos, aludindo à acusação, chorando e implorando perdão aos familiares das vítimas.
"Pequei 10, 15, 20 minutos, quero pedir desculpa a todos os que estão aqui, nunca vou conseguir emendar o mal que fiz (...). Não me incriminem, são humanos como eu, não passava pela minha cabeça matar", afirmou.
Por diversas vezes referiu-se à mulher como "querida Manuela", frisando que ainda hoje não acredita que tenha matado a mulher. "Sei que estava lá mas não vi. Até hoje sou um zombie", referiu.
Ao longo dos depoimentos de Mário Pessoa houve na assistência vários momentos de choro, designadamente de familiares das vítimas, mas a sessão decorreu de forma ordeira.
De acordo com a acusação, Mário Pessoa matou a mulher, Manuela Costa, 35 anos, à porta do posto da GNR de Montemor-o-Velho, onde esta se encontrava numa ambulância dos bombeiros locais.
Já depois de detido, no interior das instalações do destacamento territorial da GNR, disparou sobre dois militares, provocando a morte a David Dias, 42 anos.
Ao relatar a sua versão dos acontecimentos, esta quinta-feira num discurso nem sempre escorreito e recheado de contradições, Mário Pessoa recusou ter ameaçado de morte a mulher, com quem garantiu que se dava "bem" e que "amava".
Frisou que o que o levou a perseguir a mulher até ao posto da GNR onde esta se tinha deslocado para apresentar queixas de maus tratos ficou a dever-se à decisão de se "suicidar" à frente da mulher. "De há sete anos para cá a minha vida com a Manuela tem sido a descambar para o abismo. Ela andava a levar-me à loucura", disse.
De acordo com a versão que apresentou ao tribunal, pensou primeiro suicidar-se com uma faca, mas não teve coragem.
"Não era mais fácil dar um tiro em si próprio?", interveio o presidente colectivo de juízes, Pedro Figueiredo, aludindo às várias armas encontradas em casa do suspeito, mas Mário Pessoa não respondeu.
Após ter perseguido a ambulância, que inverteu a marcha e regressou à GNR de Montemor-o-Velho, Mário Pessoa assumiu que abriu a porta lateral do veículo após este se imobilizar, viu Manuela sentada, apontou a arma e disparou, mas desviando o olhar. "Não vi ninguém a morrer", sublinhou, recusando, igualmente, ter visto a filha de seis anos ao colo da mãe.
"Se a vejo tinha a certeza que perdia toda aquela loucura que estava sobre mim", disse, referindo ainda que os militares da GNR em serviço no posto não reagiram quando ali chegou empunhando uma caçadeira.

"Não fizeram nada, não me desarmaram", lamentou.

Já sobre a acusação de ter morto a tiro o militar David Dias, 42 anos, com um revólver que possuía, por diversas vezes insistiu que estava de costas, na zona das celas, quando ouviu "dois" tiros. Voltou a alegar que tentou o suicídio, desta vez encostando o revólver à garganta e que, ao ser impedido, a arma disparou duas vezes. "Quando vi o homem ferido [o cabo Teixeira] é que acordei", afirmou.

Fonte: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/montemor-o-velho-acusado-da-morte-da-mulher-pede-perdao-em-tribunal

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