sexta-feira, 26 de março de 2010

Raptada para casar

Cinco arguidos começaram ontem a ser julgados por rapto e abuso de menina de 11 anos.
A minha família casou toda com 11 anos'. Esta foi a explicação apresentada ontem, em tribunal, por um jovem cigano, de 18 anos, para justificar porque raptou a prima de 11 e porque se quer casar com ela. O caso está a ser julgado no Tribunal de Montemor-o-Velho e envolve cinco arguidos, acusados de rapto e abuso sexual de criança, que ontem negaram ter levado a menor à força.
'Perguntei-lhe se queria casar comigo e como ela disse que sim trouxe-a', argumentou Alfredo, o ‘noivo’, ao confirmar que casaram, segundo a tradição cigana, a 14 de Abril de 2009, numa festa que se prolongou por dois dias e reuniu 200 convidados.
A menina vivia com os pais adoptivos em Santa Maria da Feira, e foi para o acampamento do ‘noivo’, então com 17 anos, em Arazede, Montemor-o-Velho, a 12 de Abril. No dia do casamento, foi sujeita a um teste para comprovar a virgindade, que lhe provocou várias lesões. Duas mulheres que participaram nesse ritual são também arguidas. O casamento cigano só foi concretizado depois do teste. 'Se não fosse virgem não casava', garantiu o ‘noivo’ ao tribunal. A primeira noite foi passada dentro de uma carrinha, mas a menor recusou manter relações sexuais.
Os arguidos, a maioria familiares e residentes no acampamento de Arazede, justificaram o comportamento com a tradição cigana.
'Ele só foi buscá-la porque gostava dela' e, segundo a lei cigana recordada pelo pai do ‘noivo’, também arguido, 'quando uma pessoa se gosta tem de se casar'.
A idade não constitui, por isso, impedimento. A própria mãe da vítima, também cigana, casou-se com 14 anos e do seu depoimento percebeu-se que esse não era um factor importante.

Paula Gonçalves
In http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&contentid=DC9B8574-2CDF-485D-979E-ED77C9A81C9D&h=7

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