segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fábrica de resinas ameaça poluir viveiros de peixes - JN

Fábrica de resinas ameaça poluir viveiros de peixes - JN

Os piscicultores e moradores da Figueira da Foz denunciaram à Quercus e ao Governo a existência de uma fábrica de resinas que se prepara para laborar, no Parque Industrial de Lavos, sem Avaliação de Impacto Ambiental. "Uma ameaça para a saúde pública", acusam.
"Nós não somos contra a criação de empresas e empregos, antes pelo contrário. Mas suspeitamos quando muito estranhamente tentam fugir, como é o caso, a uma AIA ou a qualquer outra forma de controlo por entidades que garantam que a saúde das populações não será posta em causa. Quem não deve, não teme! E quando alguém, ainda antes de começar a produzir resinas, já demonstra medo, como é que acham que nos devemos sentir?", questiona o presidente da Associação Aqua Mondego, que congrega os piscicultores da Figueira da Foz.
José Carvalho lembra que os peixes dos viveiros locais "são dos melhores da Europa". "Não podemos estragar a qualidade do peixe aqui produzido só por causa de criar 50 empregos, pondo em risco muitos mais já existentes e toda a economia que vive dos viveiros", adverte o dirigente associativo, preocupado com os produtos tóxicos (Nytex), corrosivos (hidróxido de lítio) e irritantes (colofónia e hidróxido de cálcio) que alegadamente serão manuseados na fábrica de resinas.
O investimento de cerca de seis milhões de euros que está a ser feito em Lavos é liderado por um engenheiro químico que foi co-responsável por uma fábrica similar em Santo Varão, Montemor-o-Velho, conforme explicou, ao JN, o líder dos piscicultores. José Carvalho lembra os problemas ambientais que essa fábrica criou: "Os bombeiros tinham de andar sempre a correr para lá. Nem uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que fizeram, no valor de dois milhões de euros, resolveu os problemas. Ora, aqui nesta fábrica de Lavos, a ETAR custou perto de 400 mil euros. Alguém acredita que o que dali vai ser despejado na ETAR urbana de S. Pedro não é água poluída? É óbvio que será. E depois, com a Ilha da Morraceira e o estuário do Mondego poluídos e peixes mortos, vivemos de quê?", questiona.
Ao JN, fonte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), que isentou a fábrica de resinas de AIA, prometeu um comentário, mas não cumpriu. O vereador do Ambiente da Câmara da Figueira da Foz também se mostrou indisponível para falar sobre o assunto. O investidor, contactado telefonicamente, não respondeu ao nosso pedido de comentário.
Rui Berkemeier, da Quercus, classifica de "no mínimo estranho" o procedimento admnistrativo por parte da CCDRC.
Miguel Nuno Santos, morador que fez uma exposição ao secretário de Estado do Ambiente, à CCDRC e à Quercus, promete ir até às últimas instâncias para evitar a abertura da fábrica sem as licenças obrigatórias, que "neste momento não existem", e sem "garantias de que os moradores não vão ser vítimas de poluição".

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