terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CONSELHO DE SEGURANÇA

Montemor reflecte sobre causas e consequências das cheias de 2001

Passaram 10 anos sobre a tragédia que assolou todo o Baixo Mondego e atingiu muito particularmente as populações de Montemor-o-Velho. Tempo para fazer um balanço do que passou, mas, sobretudo, para perspectivar o futuro, se possível com margens de segurança mais eficazes. E para essa reflexão, o presidente da Câmara de Montemor convocou uma reunião do Conselho Municipal de Segurança, a realizar hoje à tarde, que conta com a colaboração de vários especialistas.
«A pergunta que faço é se a situação se repetirá, seja por ineficácia, negligência ou incumprimento. É isso que me preocupa, como edil, e é isso que quero saber para transmitir aos meus munícipes», afirma Luís Leal, sublinhando que, hoje há sistemas de alerta, de monitorização e acompanhamento que, certamente, garantem uma margem de segurança mais alargada relativamente ao que aconteceu em 2001. «Esperamos que o fenómeno não se repita e, sobretudo, que estejamos mais organizados e preparados e sejamos eficazes nas decisões a tomar», refere ainda Luís Leal, que, sem apontar “culpas” a quem quer que seja, e considerando que essa é uma análise de carácter técnico, não deixa de lembrar que, há 10 anos, houve decisões que «demoraram a ser tomadas» e, como tal, perdeu-se tempo e adensou-se a amplitude da tragédia.
Para o presidente da Câmara de Montemor «é bom termos memória e aprendermos, com essa memória, a ultrapassar algumas vicissitudes, sobretudo as mais complicadas, para que não se repitam». E 10 anos depois das cheias que, em 2001, assolaram o Vale do Mondego, é importante, no entender do autarca, pensar sobre o assunto. Luís Leal lembra que, com as obras de regularização efectuadas no Vale do Mondego, em 1974/75, as populações praticamente tinham perdido a memória do que eram as cheias. Mas elas voltaram e em força, há 10 anos. Daí a presença, no primeiro painel da reunião de hoje à tarde, de técnicos especializados, como Luciano Lourenço, Pedro Cunha e Alexandre Tavares, que irão explicar o fenómeno que se viveu há 10 anos em Montemor, e também as implicações que as cheias tiverem e têm em termos de ordenamento do território. Para além das explicações e implicações do fenómeno, a Câmara de Montemor convidou os responsáveis pelas infra-estruturas hidráulicas, nomeadamente o INAG e a ARHCentro, para ajudarem nesta reflexão, o mesmo acontecendo com o comandante operacional de operações de socorro, Paulo Palrilha, que também vai participar nos trabalhos.

Fenómeno pode repetir-se?
Pretende-se fazer «uma reflexão e um balanço sobre o que aconteceu e ver como evoluímos», refere Luís Leal, apontando não apenas para a evolução dos sistemas de monitorização, mas também para um conjunto de infra-estruturas criadas ou repostas, que, importa saber, se respondem ou não face a uma hipotética repetição do fenómeno. Uma reflexão que, faz notar ainda o autarca de Montemor, tem como pedra de toque a necessidade de concluir as obras de regularização hidroagrícola do Baixo Mondego e recorda, inclusive, uma recomendação da Assembleia da República, tomada em 2007, que aponta nesse sentido. São obras «fundamentais», sublinha Luís Leal, não «apenas para o concelho de Montemor, mas para todo Baixo Mondego», com implicações ao nível de produtividade e influência social, que se estendem desde Soure à Figueira da Foz. O autarca salvaguarda, ainda, a importância da regularização de alguns dos efluentes do Mondego, como o Pranto, Ega, Foja ou Arunca, que permanece adiada e assume um papel relevante no ordenamento de todo este vasto território.
Sem querer apontar “culpas”, Luís Leal não deixa de considerar que as cheias verificadas há 10 anos resultaram da «conjugação de um conjunto de factores». Volvidos 10 anos, com novos sistemas de monitorização e alerta, «isso repetir-se-ia hoje?», pergunta o autarca de Montemor-o--Velho. A resposta, certamente, será dada hoje à tarde.

Segurança em análise nos diferentes ângulos
Analisar o que foi feito desde há 10 anos e procurar medidas que impeçam a repetição do fenómeno é o objectivo da reunião de hoje do Conselho Municipal de Segurança, que reúne, a partir das 16h00, nos Paços do
Concelho.
O “ponto da situação” vai ser feito por Pedro Cunha e Alexandre Tavares, com a moderação a cargo de Luciano Lourenço. Seguem-se as intervenções dos responsáveis da Administração da Região Hidrográfica do Centro, Teresa Fidelis, e José Proença, chefe de divisão do departamento de obras do INAG. Ao comandante operacional distrital de intervenção e socorro, Paulo Palrilha compete falar sobre “A intervenção da protecção civil”. Segue--se um período de debate, após o qual os Bombeiros Voluntários de Montemor fazem o balanço dos fogos florestais registados no ano passado e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens apresenta os dados referentes ao mesmo período. Sobre a problemática das pandemias e gripes vai falar Costa Melo e o Destacamento da GNR faz, também, um balanço dos números, no que à criminalidade e sinistralidade diz respeito. A última intervenção está a cargo da Protecção Civil Municipal, que também vai dar conta das intervenções efectuadas no ano passado.

Escrito por Manuela Ventura
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=11043&Itemid=135

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