terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Acusados de sequestro optam pelo silêncio em tribunal

À terceira tentativa, o Tribunal de Montemor começou a julgar um caso de sequestro ocorrido em Julho de 2009. Ainda assim, uma arguida foi declarada contumaz

Três dos quatro arguidos acusados de terem sequestrado e espancado uma jovem, no primeiro dia de Julho de 2009, remeteram-se ontem ao silêncio na primeira audiência do julgamento, no Tribunal Montemor-o-Velho, que tinha sido adiado por duas vezes pela ausência de uma das arguidas.
Ontem, o colectivo, após terem sido goradas as tentativas de notificar a mulher de 22 anos, inclusivamente através de editais, considerou-a contumaz, razão pela qual não poderá obter ou renovar os documentos de identificação mais comuns, como Bilhete de Identidade, Carta de Condução, Cartão de Contribuinte e de utente do Serviço Nacional de Saúde ou todo o tipo de certidões e registos.
O tribunal decidiu também pela separação do processo, «para não prejudicar o julgamento dos arguidos presentes», tendo sido dado início à identificação, leitura da acusação e depoimento dos três acusados, um homem, que completará 28 anos no próximo mês, e duas mulheres, mãe e filha, de 46 e 20 anos, respectivamente.
Os três usaram do direito de não prestar declarações, tendo ficado marcada a audição das primeiras testemunhas para os primeiros dias do mês de Março.
O Tribunal decidiu também a alteração da medida de coacção do homem, até agora em prisão preventiva, tendo decretado que este, quando houver condições técnicas, passará a ficar confinado à sua habitação, controlado por uma pulseira electrónica, medida já aplicada às duas mulheres.
O juiz presidente explicou que, por uma questão de justiça e igualdade de tratamento, assim deveria ser, considerando suficiente para a decisão o relatório dos serviços da Reinserção Social.
Por outro lado, o magistrado defendeu também que não existe perigo de perturbação do processo ou continuação da actividade criminal, «apenas restando o perigo de fuga de qualquer um deles».
Perante a cara de contentamento do arguido, não deixou de avisar que, «se quiser fugir, volta para a prisão», explicando ainda que a alteração não será imediata, por questões técnicas que têm a ver com a instalação do equipamento necessário.

Crime com origem em triângulo amoroso
O caso, segundo a acusação, teve origem num triângulo amoroso em que entrava uma das arguidas do processo e a vítima. A primeira viveria maritalmente com um homem, que iniciou uma relação paralela com a segunda.
Ao saber do caso amoroso, ter-se-ão sucedido ameaças, que motivaram a fuga da amante, primeiro para Coimbra e mais tarde para Espanha, em Maio de 2009. No final do mesmo ano, depois de ter sido informada de que não corria perigo, regressou a Coimbra, onde acabaria por ser alvo de uma cilada.
O Ministério Público acusa os quatro arguidos de terem atraído a vítima para um encontro, junto ao Largo da Portagem, a 1 de Julho de 2009, onde seria sequestrada e transportada num automóvel em direcção à Figueira da Foz. A viagem terá sido interrompida no alto de Quinhendros - supostamente por falta de combustível – local onde a mulher foi violentamente espancada, com um pau e um taco de basebol, tendo-lhe sido também cortado o cabelo.
Terá sido obrigada a ficar nua, altura em que uma última pancada na face com o taco a deixou inconsciente. Não se sabe como os arguidos deixaram o local mas, a mulher, quando acordou terá sido socorrida por um automobilista que ali passava.
A descrição dos ferimentos revelam que foi brutalmente espancada, mas a vítima não tem comparecido em tribunal e estará no estrangeiro, o que, aliado ao silêncio dos arguidos, poderá ter influência na realização da prova.
A próxima sessão terá lugar na segunda semana de Março, com a audição das testemunhas.

Escrito por José Carlos Salgueiro
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=11294&Itemid=135

Sem comentários:

Enviar um comentário

verride.blogspot.pt