segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Encontrado sem vida pela mãe e irmã

Licínio Fajardo disparou dois tiros sobre a companheira, há um ano, na Figueira da Foz, e o julgamento estava marcado para o próximo mês de Março

O alerta para as autoridades foi dado ontem, por volta das 8h40. Licínio Fajardo tinha uma consulta marcada, no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, onde estava a ser submetido a uma perícia psiquiátrica. Não o encontrando no quarto, a mãe e a irmã começaram à sua procura, convencidas que estaria por perto. E foi a irmã quem acabou por encontrar o corpo, já sem vida, enforcado, nuns anexos, noutros tempos usados para acolher animais, localizados junto à residência da família. Aconteceu ontem, na localidade de Volta da Tocha, Freguesia de Arazede, Montemor-o-Velho.
O corpo foi transportado para o Instituto de Medicina Legal da Figueira da Foz, onde vai ser submetido a autópsia, no sentido de averiguar se tratou, efectivamente, de um acto de suicídio.
O homem, de 37 anos, não deixou qualquer bilhete ou deu sinais de que pensava pôr termo à vida. Todavia, é provável que sentisse alguma pressão acrescida, uma vez que se aproximava a data em que teria de ir a tribunal, responder pelo crime de homicídio na forma tentada.
O crime aconteceu há quase um ano e a vítima foi a sua companheira. Aconteceu na Figueira da Foz, na madrugada de 22 de Janeiro do ano passado, e na sua base estão questões de carácter passional. Com efeito, Licínio Fajardo e Maria Ferreira, ambos divorciados, mantinham um relacionamento amoroso há já alguns anos e mesmo as “temporadas” que o trabalhador da construção civil passava em França, onde trabalhava na manutenção de fornos industriais, não puseram termo a essa ligação. Todavia, eventualmente devido ao facto de estar bastante tempo ausente, uma vez que cumpria períodos de trabalho de dois meses em França, terão começado a inquietar Licínio Fajardo, que passou a desconfiar da fidelidade de Maria Ferreira, de 48 anos, empregada de limpeza.
E o avolumar das suspeitas, condimentada com múltiplas dúvidas, levou ao crime. Licínio Fajardo usou uma arma de alarme transformada e com ela disparou dois tiros sobre a companheira, em casa desta, no Bairro da Celbi, na Figueira da Foz. Um dos disparos atingiu Maria no tórax e o outro no braço, sendo socorrida, primeiro no Hospital da Figueira da Foz e depois nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde foi intervencionada, para retirar um dos projécteis.

Entregou-se às autoridades
Mas Licínio Fajardo não se limitou a disparar sobre a companheira. Também informou as autoridades do sucedido, pouco depois de ter sido dado o alerta, por volta das 6h00, através de um telefonema feito para a PSP da Figueira da Foz. Perguntou à polícia se já tinha conhecimento do que se tinha passado no Bairro da Celbi e assumiu-se como o autor dos disparos. Mais tarde, Licínio Fajardo deslocou-se mesmo à esquadra da PSP, onde reiterou ser o autor dos tiros disparados e entregou, inclusive, a arma que terá usado.
Presente a tribunal, para primeiro interrogatório, Licínio Fajardo, acusado de homicídio na forma tentada, ficou em prisão domiciliária, com pulseira electrónica, na casa dos pais, na Volta da Tocha, Arazede, onde ontem foi encontrado sem vida.
O julgamento estava marcado para Março e, segundo apurámos, o homem «encontrava-se bem», «nada fazendo supor que uma coisa destas iria acontecer»». «Estava completamente estabilizado», garantiram-nos ainda, confirmando que o arguido estava a efectuar exames no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, no âmbito da perícia médico-legal, no sentido de averiguar a sua eventual inimputabilidade. A recuperação de Licínio Fajardo e a estabilidade emocional que apresentou, ao longo de praticamente um ano, terá levado mesmo o seu advogado, Vítor Gaspar, a equacionar pedir ao tribunal que revisse a medida de coação aplicada, libertando o arguido do uso da pulseira electrónica, passando a auferir de um regime de circulação livre, com apresentações periódicas às autoridades.
A GNR de Montemor tomou conta da ocorrência e o caso está a ser investigado, no sentido de apurar se efectivamente se trata de uma situação de suicídio.

Escrito por Manuela Ventura
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=10681&Itemid=135

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