terça-feira, 21 de dezembro de 2010

GNR feridos em novo caso de violência doméstica

Homicida ouviu ontem em tribunal um GNR que baleou. Outro guarda, testemunha no caso, foi agredido a murro.
Um militar da GNR de Montemor-o-Velho, testemunha no julgamento de Mário Pessoa - que matou a mulher e um soldado da Guarda no interior do posto local -, interveio anteontem numa situação grave de violência doméstica em plena via pública, na freguesia de Pereira do Campo.
O militar e um colega acabaram, aliás, agredidos a murro e pontapé quando tentavam separar a mulher do marido agressor, apurou o DN com fonte policial. Foi necessário a patrulha algemar o homem de 31 anos. A situação aconteceu pelas 18.30 de quarta-feira. O agressor deu vários empurrões e uma forte cabeçada na mulher. Uma moradora assistiu à cena violenta e protegeu a vítima: puxou-a para dentro de casa e chamou a GNR. O homem desapareceu do local por momentos, mas voltou a aparecer quando avistou a patrulha da GNR. A mulher foi falar com os militares e o marido, irado, descarregou na patrulha ao murro e pontapé. Um dos guardas ficou ferido no peito e o outro no pulso.
Os dois militares, apesar de combalidos, ainda conseguiram algemar o homem, que estava
descontrolado. Segundo adiantou fonte policial, os dois guardas precisaram de tratamento hospitalar. Um dos soldados denunciou o detido pelo crime de agressão a elementos da autoridade.
Este detido já tinha antecedentes pelo crime de violência doméstica: uma queixa-crime apresentada no tribunal de Soure - localidade onde o casal residiu antes de se mudar para Montemor-o-Velho - e outra mais recente, de uma agressão à mulher ocorrida no final do mês numa rua em Coimbra e registada pela PSP.
O agressor foi ontem conduzido ao tribunal de Montemor-o-Velho, mas, ao final da tarde, ainda não tinha sido ouvido. Um dos guardas que ele agrediu era para prestar depoimento como testemunha no julgamento de Mário Pessoa, mas o seu depoimento foi agendado para outro dia.
Foi um outro militar da GNR de Montemor-o-Velho, baleado a 29 de Novembro de 2009 por Mário Pessoa, que protagonizou, ontem à tarde, um dos depoimentos-chave do processo em que o arguido está acusado de 11 crimes, entre os quais duplo homicídio e violência doméstica. Adérito de Jesus Teixeira contou com detalhe todos os momentos que passou, desde que ouviu a sirene de uma ambulância. Antes disso, Maria Manuela tinha feito queixa por violência doméstica.
Os bombeiros que tentaram levá-la ao hospital (e que inverteram a marcha antes de entrar na auto--estrada para a Figueira da Foz devido à perseguição do homicida) contaram, ontem, que a vítima tinha hematomas na cabeça, sangrava dos lábios.
Nesta segunda sessão do julgamento de Mário Pessoa, o militar Adérito Teixeira lembra que quando saiu do posto, para ver porque estava ali uma ambulância em emergência, logo viu o arguido com uma caçadeira, ameaçando todos os militares que surgiam à porta do posto dizendo que saíssem da sua frente pois matava-os a todos. O testemunho deste sobrevivente envolvido neste caso trágico de violência doméstica foi escutado em profundo silêncio na sala de audiências do Tribunal Judicial de Montemor-o-Velho, onde assistiam muitos colegas da GNR.
Mário quis desmentir o relato do militar da GNR. "Prefiro uma prisão perpétua, ele não está a dizer a verdade", disse. O juiz presidente questionou, irritado: "Este senhor agente que saiu baleado está a mentir?" Mário repetiu a tese que se queria suicidar.

PAULA CARMO
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1737042&seccao=Centro

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