terça-feira, 24 de agosto de 2010

Portugueses já fazem tremer as grandes selecções

Em poucos anos, a canoagem passou de desporto praticamente desconhecido do público a modalidade que cronicamente dá medalhas a Portugal. A participação nos Mundiais, que terminaram ontem, na Polónia, superou as expectativas e a prata de Fernando Pimenta e João Ribeiro em K2 500m elevou para 15 o número de medalhas conquistadas este ano pelos canoístas portugueses, o melhor resultado de sempre.

Para esta evolução contribuíram as boas prestações de alguns atletas, que serviram de motivação.

Emanuel Silva foi um dos que desbravaram o caminho: conseguiu a primeira medalha numa prova internacional em 2002, com apenas 16 anos, quando foi terceiro em K1 1000m no Europeu de Juniores. No ano seguinte sagrou-se campeão (K1 500m) e vice-campeão (K1 1000m) mundial júnior. "Com esses resultados, os atletas mais novos viram que, se eu consegui, por que não eles também conseguirem? A partir daí houve mais dinâmica por parte dos clubes. Foi o ponto de partida [para o actual momento]", diz Emanuel Silva ao PÚBLICO. "Os canoístas portugueses são super-heróis, superam-se e fazem tremer as equipas mais fortes, que começam a ter-nos respeito", acrescenta o canoísta olímpico.
A melhoria das condições de trabalho pesou, com a entrada em funcionamento do Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho. "Sem o CAR, era difícil. Estamos a receber os frutos do nosso trabalho", sublinha o polaco Ryszard Hoppe, seleccionador nacional da canoagem, em conversa com o PÚBLICO durante a escala da viagem de regresso da Polónia. "São os mesmos atletas que antes, a diferença está no sistema de treinos", acrescenta o técnico a cumprir a sexta temporada em Portugal.
O método é idêntico ao utilizado pelas melhores equipas do mundo. Um dia típico em Montemor-o-Velho começa com treinos "às 6h00 ou 6h30 da manhã, porque há aulas às 9h00. É importante aliar o desporto aos estudos", aponta Ryszard Hoppe, frisando que todos os atletas que estão no CAR estão na universidade. "Há treinos todos os dias, de manhã e à tarde, com meio dia de folga à quinta-feira e ao domingo", conclui.
O técnico polaco é pragmático relativamente ao entusiasmo em torno da canoagem. "É como no futebol", diz: "Todos os miúdos querem ser como o Cristiano Ronaldo. Não temos Ronaldo, temos Teresa [Portela], Joana [Vasconcelos], Fernando [Pimenta], João [Ribeiro], Emanuel [Silva]. Funciona assim em todas as modalidades, como no triatlo, com a Vanessa Fernandes".
Ryszard Hoppe não esconde a ambição para os Jogos Olímpicos de 2012. "Com a experiência de participações anteriores, e se tudo correr como até agora, vamos voltar de Londres com medalhas", prevê.

Fonte: http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1452637

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