quarta-feira, 17 de março de 2010

Manhã de reclamações no Centro de Saúde

«Isto é desumano!»; afirma, indignado Bruno Figueira, que ontem se deslocou ao Centro de Saúde de Montemor-o-Velho com um irmão, de 15 anos, que se queixava de dores de garganta e de cabeça. Chegou às 9h30 e partiu às 11h30, sem que o irmão fosse visto por um médico. «Isto é um serviço de saúde?», questiona, na reclamação que fez questão de deixar nos serviços do Centro de Saúde de Montemor-o-Velho.
Aquele utente, oriundo de Pereira, onde tem médico, reconhece que recorreu aos serviços em Montemor em detrimento desta extensão, uma vez que acreditou que o atendimento seria mais rápido na sede do concelho. Todavia, enganou-se e acabou por sair do Centro de Saúde indignado e sem ter recebido assistência. E não foi o único. «Não há médicos», foi, ontem durante a manhã, o “recado” mais ouvido por parte dos serviços administrativos do Centro de Saúde de Montemor, dirigindo-se aos utentes que recorriam à consulta de atendimento complementar. «Havia médico ali ao lado, noutra sala», refere Bruno Figueira, inconformado com a situação, que acabou por recorrer aos serviços do Centro Hospitalar de Coimbra, CHC, onde deu entrada com o irmão às 12h22 e saiu às 12h47, com um diagnóstico de sinusite e a necessária prescrição médica para o tratamento a seguir.
Bruno Figueira não foi o único utente a “bater com o nariz na porta”, ontem durante a manhã, no Centro de Saúde de Montemor. Outros dois também apresentaram a respectiva reclamação escrita. A resposta para a situação não tem nada de transcendente, de acordo com a coordenadora do Centro de Saúde. Luísa Cortesão, passou ontem a manhã e a tarde a dar consulta na Extensão de Saúde de Pereira e sublinha a necessidade de os utentes recorrerem aos serviços onde estão inscritos. Uma primeira regra que é fundamental, em termos de funcionalidade dos serviços, esclareceu, sublinhando que, ontem em Pereira «estiveram duas médicas de serviço», uma das quais «entrou às 8h05». «Se o senhor tivesse vindo a Pereira, em vez de percorrer os 12 quilómetros até Montemor, certamente tinha sido atendido de imediato», refere ainda Luísa Cortesão que, apesar de exercer as funções de coordenação no Centro de Saúde de Montemor não abandonou os seus doentes, por sinal pertencentes a Pereira.
Luísa Cortesão refere, de resto, que os três utentes que ontem de manhã apresentaram reclamações no Centro de Saúde de Montemor estavam todos “deslocados” em termos de serviço. Ou seja, a juntar a Bruno Figueira, de Pereira, esteve uma utente de Gatões, extensão esta que, de acordo com a coordenadora, «pertence à unidade de Arazede e não a Montemor», bem como um senhor de Alfarelos, que também não pertence àquela unidade, mas ao Centro de Saúde de Soure.

Médica reformada à espera de substituto
«As pessoas têm de ir ao seu médico», aconselha Luísa Cortesão, alertando para o facto de todos os utentes “dispensados” terem os respectivos médicos em diferentes locais, que não o Centro de Saúde de Montemor. «As marcações podem ser feitas por telefone ou por internet», refere ainda a médica, sublinhando o facto de não haver «necessidade de acontecerem estas situações». Aliás, faz notar que foi colocado um avivo no Centro de Saúde de Montemor, alertando para o facto de não existir médico às terças-feiras, entre as 8h00 e as 14h00, na consulta de atendimento complementar. «Às 14h00 já havia médico», refere ainda.
Apesar de alertar para a necessidade de cada utente procurar o seu «próprio médico», Luísa Cortesão não escamoteia as questões e admite que a recente reforma de uma médica no Centro de Saúde de Montemor também acabou por “congestionar” os serviços, não deixando margem para que um clínico assegurasse a consulta de atendimento complementar. Aquela responsável esclarece que, para além de terem dividido os ficheiros dos utentes entre si, de forma a assegurarem o serviço da clínica que se reformou no início do mês, os três médicos têm-se socorrido de horas extraordinárias para assegurar todo o serviço. Ontem todavia, em seu entender, esta solução de recurso não se impunha, uma vez que «não era dia de feira», nem se previa nenhum acontecimento extraordinário.
A situação, de resto, deverá manter-se até ao final do mês, uma vez que se prevê que nessa altura um quarto elemento da equipa médica do Centro de Saúde de Montemor, actualmente destacado no INEM, regresse àquela unidade, colmatando, assim, a ausência da médica que se reformou. Caso esse regresso seja protelado, o recurso passa pelas horas extraordinárias e, mais ainda se torna pertinente, no entender de Luísa Cortesão, que cada utente procure o seu próprio médico, na extensão de saúde onde está inscrito. E lembra ainda que, apesar de muitos o esquecerem, o Serviço de Atendimento Permanente de Montemor foi dos primeiros a ser extinto, há quatro anos e, como tal, «não existe consulta de urgência», mas apenas de atendimento complementar, que responde a «situações de momento».

Escrito por Manuela Ventura
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=6592&Itemid=135

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