terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Relógio dos Paços do Concelho volta a marcar o tempo

Seja qual for a altura do dia, o relógio dos Paços do Concelho de Montemor-o-Velho marca sempre a mesma hora. De vez em quando, os ponteiros lá vão fazendo algum movimento, mas muito diminuto, o que indica alguma “força de vontade” em voltar a funcionar. É assim desde há 30 anos. O relógio “oficial” da Câmara de Montemor-o-Velho parou e nunca mais “orientou” os funcionários municipais. Mas não será por muito mais tempo, já que a autarquia, liderada por Luís Leal, já manifestou vontade e fez diligências no sentido de que os ponteiros voltem a “ter vida” e a marcar o tempo. A acontecer este ano será, precisamente, cem anos depois do relógio ter sido pendurado nas paredes do edifício municipal.
Foi o próprio Luís Leal que lançou o repto a um relojoeiro, por considerar que «o património deve ser preservado». Fê-lo recentemente, numa conferência sobre o “Tempo”, promovida pela Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal, que teve como orador o investigador em relojoaria José Mota Tavares. Orador que indicou, ali mesmo, o especialista adequado para tal trabalho. Hermínio de Freitas Nunes, que de resto tem origens paternas no concelho de Montemor-o-Velho, conversou com o autarca e aceitou encontrar-se com técnicos camarários para analisar «o estado» do objecto, no sentido de entabularem os trâmites para «colocar em marcha o relógio municipal». Avariado há cerca de tês décadas, este exemplar da relojoaria monumental, tem, segundo Hermínio de Freitas Nunes, «toda a probabilidade de ser recuperado e os seus antigos ponteiros voltarem a funcionar».
Ao Diário de Coimbra, o artista confessou estar satisfeito com o repto de Luís Leal, referindo que «o património não é uma herança do passado; é um empréstimo do futuro». «É uma honra contribuir para o restauro do património do concelho de meus antepassados», disse, considerando ainda – e parafraseando Fernando Pessoa – que «não há nada de mais ridículo do que um relógio público parado».
Este instrumento mecânico de “medição do tempo” foi colocado no município em 1909, após a conclusão do actual edifício (1889/1902). Este facto ocorreu por iniciativa do vereador Ferreira Galvão, que pretendia ter no edifício um relógio grande que servisse «para todas as repartições e serviços do mesmo edifício», argumento que a Câmara aprovou. Em Julho de 1909 a autarquia tinha um “relógio oficial dos Paços do Concelho”.

Escrito por Aldo Aveiro
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=1235&Itemid=118

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