sexta-feira, 10 de julho de 2009

Grupo Agni, da Malásia, largou investimento em Portugal

O grupo Agni desistiu de investir em Portugal, os quadros deixaram o país e todo o projecto de investimento, avaliado entre 60 e 70 milhões de euros, está sem rumo. A situação, por alegada falência, deixou parceiros e fornecedores sem pagamentos.
O PÚBLICO apurou que o leque de credores vai desde a Empresa Geral de Fomento (EGF), do grupo Águas de Portugal, que reclama neste momento em tribunal uma dívida calculada em cerca de quatro milhões de euros, até a uma pequena unidade hoteleira de Viana do Castelo que diz ter ficado com 11 mil euros por saldar, não sabendo a quem se dirigir por falta de resposta. Do lote de credores farão também parte pequenas e médias empresas de construção, que estiveram ligadas a várias partes do projecto que incluía uma fábrica de pilhas de combustível e um centro de investigação de tecnologia de hidrogénio em Montemor-o-Velho e unidades de produção de hidrogénio a partir do biogás dos aterros de resíduos sólidos urbanos, em Viana do Castelo e Figueira da Foz.
Os números telefónicos oficiais das instalações da Agni em Portugal mudaram e o atendimento resume-se a um funcionário cuja missão é apenas registar quem telefona. Nada é dito sobre o paradeiro dos elementos que trabalhavam na empresa. Na opinião dos credores, "desapareceram", "não deixaram rasto", uma situação que se tornou evidente para estes a partir de Março passado. A explicação mais imediata para o facto é a crise financeira, com a qual a Agni terá perdido a sua base de financiamento, que eram os fundos internacionais, e entrado em processo de falência. Contudo, alguns credores contactados pelo PÚBLICO defendem que "isso não lhes dava razão para desaparecerem". Entretanto, algumas entidades envolvidas dizem ter conhecimento de visitas recentes e outras programadas para as próximas semanas a Portugal de advogados estrangeiros representantes de potenciais interessados nos activos da Agni.
A Agni, que deveria começar a fabricar pilhas de combustível a partir de 2009 e contratar cerca de meia centena de doutorados saídos do programa MIT Portugal para o seu centro de investigação, chegou a assinar um memorando de entendimento com a antecessora da AICEP (ex-API), em 19 de Janeiro de 2006. Nesse mesmo dia, assinou também o acordo com a EGF.
As negociações com o Estado nunca chegaram a fechar, pelo que não foi concedido qualquer financiamento público ao projecto. Já no caso da EGF, três dos cinco contratos começaram a ser realizados, mas, "não tendo a Agni cumprido os compromissos assumidos e não demonstrando capacidade para vir a cumprir" - disse a EGF ao PÚBLICO -, esta denunciou os referidos contratos entre Maio e Junho. Acrescenta a EGF que o valor global do investimento em dívida, de quatro milhões de contos, respeita à Algar, Amarsul e Resulima. O projecto, considerado emblemático pelo seu carácter inovador e por desenvolver novas tecnologias, constituiu uma aposta do Ministério da Ciência e da Tecnologia: a Agni era, desde Abril de 2007, membro associado do Programa MIT-Portugal, com uma promessa de investimento numa área considerada de futuro.

Lurdes Ferreira
In http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1390961

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