segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pereira reviveu feira como há 100 anos

O som dos vários pregões ouvidos ainda ao longe, indicavam aos visitantes a presença de feirantes, que, numa iniciativa do Grupo Folclórico da Vila de Pereira, reviveram no dia de ontem uma feira como há 100 anos atrás.
O som difuso associado a estas feiras, com o chamamento das vendedeiras, o som da harmónica do amola-tesouras, misturavam-se entre outros gritos, mais ou menos definidos, que no seu cômputo geral nos diziam estarmos presentes numa feira.
Esta iniciativa do Grupo de Pereira traduziu-se, sobretudo para os mais novos, em mais uma prova de que estas instituições têm uma palavra muito importante em preservar e lavar ao conhecimento de todos o nosso passado recente.
Para Diogo César, componente do Grupo de Pereira, «é um incentivo à malta jovem para conviver», frisando que «estas iniciativas servem para aprender algo sobre a nossa história, sobretudo como eram as feiras e mercados de há 100 anos, como se vendia, como se apregoava aquilo que cada um queria vender».
As bancas com a venda de diversos produtos, sobretudo os de origem agrícola, mas aqui e acolá os barros e os alumínios, eram a nota dominante com os seus vendedores trajados a rigor, com instrumentos próprios da época e bancas feitas todas em madeira.
Os visitantes em largo número, claro que eram “100 anos mais novos”, mas mesmo assim não deixarão de dar o seu contributo a este evento.
A meio da visita, feita sempre com calma e tranquilidade - estamos a falar há 100 anos atrás - o visitante era levado a tomar atenção a outros sons e movimentos, que vinham de um grupo de “rapazolas”, que no ímpeto da sua juventude “roubavam” aqui e acolá uma peça de fruta e, claro está, o dono da banca gritava: «agarra que é ladrão».
Mais à frente, a “cigana”, no seu jeito muito próprio, tomava-nos de surpresa pegava-nos na mão e mesmo contra nossa vontade, lia a nossa sina, sempre com futurologias positivas e depois, com a sua choradeira acompanhada de dos filhos mais pequenos lá nos sacava uma moedita, para “matar” a fome ao pequenito.
Para Eduardo Figo Roxo, coordenador do Grupo Folclórico de Pereira, «esta iniciativa visa dar nome e recriar o ambiente das feiras de antigamente», aludindo também ao facto de que «este papel cabe aos grupos, sobretudo nessa preservação e divulgação». O dirigente explicou também que a iniciativa «visa dar projecção à vila de Pereira e ao seu Grupo Folclórico».
«Com este iniciativa recuámos um século. Verificamos que este Grupo recorda o encontro dos povos que andavam dispersos», disse, por sua vez, António Pedro, Presidente da Junta de Freguesia de Pereira, sustentando que, esta é «uma feliz ideia, devidamente renovada, demonstrativa de que Pereira está viva, recomenda-se, porque há quem tenha sempre boas iniciativas como esta, que atraiam pessoas». «Pereira carece de outros valores, mas não obstante está viva e bem viva», concluiu.
Luís Leal, Presidente da Câmara de Montemor, referiu que a iniciativa «é mais do que positiva e é demonstrativa do interesse deste grupo na etnografia e folclore», sublinhando que «estas tradições e sua divulgação podem ser uma componente turística muito importante, nos capítulos culturais e gastronómicos sobretudo, se estiverem alicerçados na qualidade gastronómica da Vila de Pereira, que tem essa feliz particularidade».

Produtos tradicionais e animação musical

Os produtos em venda eram os mais variados possíveis, sendo colocados em tendas ou vendidos à carreira, dos quais se destacam: os cereais, vinho, azeite, hortaliças, fruta, feijão, sementes, batatas, cebolas, alhos, aves, peixe, panos, bolsas de retalhos, algibeiras, sal, ovos, queijo, enchidos, mel, pão, broa, fogaças, biscoitos, doces, brinquedos, olaria, cestaria e flores.
No período da tarde, a feira teve o seu epílogo, contando com a animação dos grupos presentes que com as suas danças e cantares emprestaram uma animação suplementar esta iniciativa, que teve sempre como som de fundo o som da concertina, tão típico das feiras de antanho.
Estiveram presentes o Grupo Folclórico da Vila de Pereira, Grupo Etnográfico da Região de Coimbra, Grupo de Cantares da Freguesia de Vila Seca, Rancho Folclórico Camponeses de Montessão, Grupo Folclórico e Etnográfico de Alfarelos, Grupo Folclórico Mártir S. Sebastião, Grupo Folclórico e Etnográfico do Brinca.

Fernando Torres
In Fonte: http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=2374&Itemid=135

3 comentários:

  1. Olá,
    Desde já obrigado pela publicação deste artigo.
    Mas quando copiou o link, deveria ter também indicado que fui eu que escrevi o artigo.
    Um abraço,

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  2. Srº Fernando Torres
    Com toda a razão faz o seu comentário, mas, normalmente, só indico o link, mas já está feita a correcção.
    Obrigado pela compreensão!

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