quarta-feira, 29 de abril de 2009

Gripe Suína - Região Centro preparada

«Não há ninguém na saúde da região Centro que não tenha conhecimentos suficientes para trabalhar com o plano de contingência da gripe», homologado pela Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro), com vista à prevenção e controlo de todos os tipos de gripes nas diferentes fases, incluindo a pandémica (fase seis). A garantia foi dada ontem por José Tereso, director do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Centro, à margem de um seminário sobre a reorganização dos serviços de saúde pública.
«Ao longo dos tempos não temos dormido nos serviços», reforçou José Tereso, de partida para uma reunião com Francisco George, director da Direcção Geral de Saúde, onde participaram os delegados regionais de saúde pública do país.
Numa altura em que se teme uma pandemia de gripe suína, José Pedro Pimentel considera que é necessário estar «alerta sem alarmismo». Garantindo que a região Centro «está preparada» para uma possível evolução do alerta para a fase seis, o presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde realçou que é altura de «revisitar os planos que foram feitos, no sentido de os actualizar», tendo também em conta a nova organização dos centros de saúde em agrupamentos.
Em declarações aos jornalistas, José Tereso realçou, no entanto, «uma lacuna», que tem a ver com a informação ao público. Importa «não criar alarme, porque não é uma situação de alarme, mas uma situação de preparação», explicou, relembrando que a própria gripe normal pode matar. O vírus H1N1 exige, naturalmente, «mais cuidados», no entanto, aconselhou Tereso, aos primeiros sintomas, as pessoas não devem dirigir-se imediatamente aos serviços de saúde.
«Nós, portugueses, ficamos sempre aflitos, quando existe qualquer coisa. Nós, preparados, estaremos em condições de, com calma, estarmos organizados e informados. A gripe trata-se até em casa. Devo estar resguardado, não me devo expor e expor terceiros. Se eu estiver em casa e o meu médico me acompanhar não necessito ir ao hospital correr riscos. Aliás, se tiver suspeitas, não devo sair de casa até ter as instruções do médico de família. Como em qualquer doença», frisou.

Médicos incentivam vacinação

Assim, em caso de dúvida, o que se deve fazer é ligar para a linha de saúde pública (Linha Saúde 24, que é o 808242424) e/ou para o médico assistente. Nesta matéria, «as pessoas também têm auto-responsabilidade», alertou José Tereso. Os simples actos de lavar as mãos com sabão várias vezes ao dia, de não tossir ou espirrar para cima dos outros ou de usar lenços descartáveis podem fazer a diferença. «Com coisinhas simples podemos fazer muito. Todos juntos podemos fazer muito mais. São coisas de educação», lembrou, recomendando também aos grupos de risco a vacinação contra o vírus da gripe.
É que, embora não esteja provada cientificamente a eficácia contra o H1N1 – um vírus «difícil», por ser altamente mutante -, é certo que «quem está vacinado está mais resistente, mais capacitado para resistir a qualquer vírus», concluiu.
Na apresentação do plano pandémico regional, Lúcio Menezes, do Departamento de Saúde Pública da ARS Centro, adiantou ainda que as pessoas com mais de 30 anos «têm alguma possibilidade de estar imunizadas».
No documento de quase 70 páginas lê-se que, em caso de pandemia, haverá uma procura dos serviços de saúde que pode chegar até seis vezes mais do que o normal a contrastar com um absentismo laboral na área que oscilará entre o 30 e os 40%. Portanto, há que readequar os meios para minimizar as consequências provocadas pela doença. Entra em acção a «inteligência epidemiológica», explicou Lúcio Menezes, realçando que os serviços de saúde pública estão a aprender a «gerir ameaças» e, neste contexto, importa destacar a disponibilização de informação à população, para que não “entupam” os centros de saúde e hospitais, ao primeiro sinal.
O especialista realçou que há um grupo de crise que será activado caso se verifique um caso suspeito na região ou um caso confirmado a nível nacional. «Nesta primeira fase, os casos suspeitos são devidamente geridos. Depois, todos os casos são tidos como gripe pandémica», conclui.
Recorde-se que os Hospitais da Universidade de Coimbra são uma das quatro unidades de alerta no país para receber doentes que se suspeite que possam estar infectados, assumindo-se também como unidade de referência pediátrica nesta matéria.

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