segunda-feira, 2 de março de 2009

“Um dia vou ser bom­bei­ro”

No Par­que Ver­de, o Coman­do Dis­tri­tal de Ope­ra­ções de Socor­ro mos­trou via­tu­ras e equi­pa­men­to de socor­ro entu­si­as­man­do, sobre­tu­do, as cri­an­ças

Ambu­lân­cias com supor­te bási­co de vida, car­ro de desen­car­ce­ra­men­to, via­tu­ra de com­ba­te a incên­di­os flo­res­tais, equi­pa­men­to para actu­ar em aci­den­tes com pro­du­tos quí­mi­cos e infla­má­veis, um bar­co de socor­ro, vários extin­to­res, fatos e pro­tec­ções para miú­dos e gra­ú­dos expe­ri­men­ta­rem. Ontem, no Par­que Ver­de do Mon­de­go, o apa­ra­to era gran­de, mas tudo não pas­sa­va de uma demons­tra­ção pre­pa­ra­da pelo Coman­do Dis­tri­tal de Ope­ra­ções de Socor­ro (CDOS) de Coim­bra para assi­na­lar o Dia da Pro­tec­ção Civil. O tem­po cin­zen­to con­vi­da­va pou­co a pas­sei­os, mas alguns curi­o­sos, sobre­tu­do cri­an­ças, não per­de­ram a opor­tu­ni­da­de de ver de per­to as fer­ra­men­tas com que actuam as diver­sas for­ças de socor­ro e segu­ran­ça em caso de aci­den­tes ou incên­di­os.
Pau­lo Pal­ri­lha, segun­do co­man­dan­te ope­ra­ci­o­nal dis­tri­tal, con­si­de­rou impor­tan­te acções como a de ontem, não só para sen­si­bi­li­zar a popu­la­ção sobre o tra­ba­lho diá­rio dos diver­sos agen­tes – «a Pro­tec­ção Civil pres­su­põe uma acti­vi­da­de mul­ti­dis­ci­pli­nar» –, mas tam­bém para mos­trar às pes­so­as que os ser­vi­ços do dis­tri­to estão bem equi­pa­dos e «pre­pa­ra­dos para dar res­pos­ta a todas as ocor­rên­cias, ain­da que dese­je­mos sem­pre moder­ni­zar e melho­rar». «Que­re­mos sus­ci­tar um sen­ti­men­to de segu­ran­ça, demons­trar que temos a capa­ci­da­de e o conhe­ci­men­to», sus­ten­tou.
A simu­la­ção de ontem decor­reu sob a ori­en­ta­ção da Auto­ri­da­de Naci­o­nal de Pro­tec­ção Civil, em con­jun­to com o Ser­vi­ço Muni­ci­pal de Pro­tec­ção Civil de Coim­bra, reu­nin­do ain­da as par­ti­ci­pa­ções dos Bom­bei­ros Sapa­do­res, dos Bom­bei­ros Volun­tá­rios de Bras­fe­mes, de Coim­bra, de Con­dei­xa e Mon­te­mor-o-Velho, INEM, Cruz Ver­me­lha, Gru­po de Pro­tec­ção e Socor­ro da GNR, Polí­cia Muni­ci­pal e PSP. No total, esti­ve­ram no Par­que Ver­de 16 via­tu­ras e cer­ca de 50 agen­tes.
Numa rápi­da visi­ta ao local, Pau­lo Pal­ri­lha subli­nhou a com­ple­xi­da­de e o cus­to ele­va­do de alguns equi­pa­men­tos, com seja a VPME, via­tu­ra de pro­tec­ção de mul­ti­ris­cos espe­ci­ais, com os res­pec­ti­vos fatos de inter­ven­ção. «Só exis­tem qua­tro via­tu­ras em todo o país», lem­brou, enquan­to Samu­el Rodri­gues, dos Sapa­do­res, ia indi­can­do as espe­ci­fi­ci­da­des dos fatos. «Um para tra­ba­lhar com áci­dos e gases, o outro que per­mi­te a apro­xi­ma­ção a cha­mas, aguen­tan­do até mil graus, por um perí­o­do de três minu­tos – para reti­rar algum cole­ga das cha­mas, por exem­plo –, o fato de pro­tec­ção total ou outro de pro­tec­ção con­tra líqui­dos infla­má­veis». Den­tro da via­tu­ra, mate­ri­al para iden­ti­fi­car os pro­du­tos tóxi­cos, equi­pa­men­to para tam­po­nar der­ra­mes – evi­tan­do que os líqui­dos se infil­trem nos solos e rios –, mate­ri­al de tras­fe­ga.

De pai para filhos

De olhar curi­o­so, a peque­na­da obser­va­va todo aque­le apa­ra­to, mas ontem tinham direi­to a mexer, a expe­ri­men­tar até. Na rel­va, os bom­bei­ros ins­ta­la­ram uma pla­ta­for­ma com cha­mas con­tro­la­das e, depois de uma expli­ca­ção sobre o fun­cio­na­men­to dos extin­to­res – «há os de água, os de car­bo­no ou pó quí­mi­co» –, per­mi­ti­ram que as pró­pri­as cri­an­ças aju­das­sem a apa­gar o fogo ali cri­a­do.
Ali ao lado, o Dio­go, de ape­nas dois anos e meio, não se mos­tra­va nada assus­ta­do, ape­sar do bom­bei­ro o colo­car numa espé­cie de cole­te de res­ga­te e o içar aci­ma do solo. O pai, Luís Miguel, tam­bém esta­va a apre­ci­ar a demons­tra­ção de todas as for­ças da Pro­tec­ção Civil. «Pas­sei aqui por aca­so e acho que é mui­to inte­res­san­te, já esti­ve a esprei­tar algu­mas coi­sas, que aqui pode­mos ver mais de per­to, e até obti­ve escla­re­ci­men­tos téc­ni­cos», dis­se ao Diá­rio de Coim­bra. Reti­ra­do do cole­te, o peque­no Dio­go já cha­ma­va o pai para ver o bote de reco­nhe­ci­men­to e tran­spor­te, que os Sapa­do­res havi­am colo­ca­do, com um mane­quim devi­da­men­te ves­ti­do ao lado.
José Ricar­do, de 11 anos, João Rafa­el, oito anos, Caro­li­na, seis anos, e Rita, de 13. Ain­da que o cená­rio de ontem fos­se dife­ren­te, para os qua­tro irmãos de Anta­nhol já pou­co do que ali viam era novo, mui­to menos os per­so­na­gens prin­ci­pa­is: os bom­bei­ros. Afi­nal, são filhos de um bom­bei­ro volun­tá­rio, da cor­po­ra­ção de Coim­bra, expli­ca­va a mãe.
De entre os qua­tro ape­nas duas voca­ções para seguir o exem­plo do pai, a mais velha, Rita, e o do meio, João Rafa­el. Ape­sar de por ali ter anda­do a “fin­gir” que apa­ga­va fogos, o mais velho foi pron­to em dizer que não que­ria ser bom­bei­ro e a mais peque­ni­ta, Caro­li­na, esta­va mais encan­ta­da com o que a espu­ma de com­ba­te a incên­di­os lhe fazia lem­brar. «Vi aque­la coi­sa que pare­ce chan­tilly, mas que­ro ser é pin­to­ra quan­do for gran­de». João Rafa­el sonha em con­du­zir car­ros de bom­bei­ros. Rita, ado­les­cen­te e já mais escla­re­ci­da, expli­cou que tan­to o avô como o pai deci­di­ram ser volun­tá­rios: «Acho que tam­bém vou ser. Para aju­dar os outros. Mas tenho medo daque­les incên­di­os mai­o­res e fico pre­o­cu­pa­da».
Caro­li­na Almei­da e Joa­na Cor­reia, de 16 e 15 anos, res­pec­ti­va­men­te, é que já toma­ram a deci­são. Fazem par­te da aca­de­mia de bom­bei­ros dos Volun­tá­rios de Bras­fe­mes, onde par­ti­lham a pai­xão com cri­an­ças e jovens entre os 7 e os 18 anos. São já cade­tes e ontem con­se­gui­am expli­car, a quem por ali pas­sas­se, as mano­bras mais impor­tan­tes do supor­te bási­co de vida, usan­do um mane­quim.

Fonte:http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=907&Itemid=135

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