quinta-feira, 5 de março de 2009

Agricabaz: Referência na economia solidária

Sabia que pode receber produtos agrícolas tradicionais e biológicos em casa? E que, ao contrário do que se pode imaginar, os preços não diferem propriamente dos que são praticados nas lojas ditas “convencionais”? A completar um ano, o projecto Agricabaz funciona como plataforma de escoamento para a produção de pequenos produtores que, desde Trás-os-Montes ao Alentejo, continuam a trabalhar a terra, mantendo usos e costumes ancestrais e, não menos relevante, a lutar contra o fenómeno da desertificação, com afinco e determinação.
Com uma loja aberta ao público e a entrega ao domicílio, o Agricabaz é o “posto” mais avançado e visível de uma vasta rede de pessoas, que têm como causa comum a economia solidária. Agricultores, artesãos, micro-empresários, empreendedores sociais e consumidores uniram esforços, ainda que de algum modo informal, em prol do desenvolvimento local e rural, naturalmente, reforçando os compromissos com o social, o ambiente e a cultura.
Proporcionar produtos de qualidade e estimular a economia solidária são os propósitos da rede que tem como produtores o Núcleo Regional do Centro da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (com produção na Quinta da Conraria), a APPACDM (Tocha), Associação Integrar (Quinta dos Olivais), Associação de Desenvolvimento do Vale do Cobral (Meruge, Oliveira do Hospital), e pequenos agricultores familiares que fazem agricultura biológica, tradicional, permacultura e produção integrada.
O “Agricabaz à porta” é uma das facilidades que esta loja faculta aos clientes, sendo que os cabazes podem ser semanais (com preço variável entre os 12 e os 17 euros, os cabazes, pensados para duas/ três pessoas, são compostos sobretudo por hortícolas e frutícolas) ou mensais (constituídos por frutas, legumes e mercearia, como arroz dos campos do Mondego, compota, broa ou pão escuro, integral ou biológico, esparguete bio, leite de soja, aveia ou milho, e que custam entre 40 e 50 euros), assim como encomendados na loja.
Com distribuições semanais na zona de Coimbra, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz e mensais na zona de Seia e Gouveia, o Agricabaz disponibiliza periodicamente no site e por e-mail, telefone ou carta (no caso a mensal) a lista dos alimentos que compõem os cabazes.
Este projecto decorre da confluência de várias situações, explica José João Rodrigues: “Uma delas tem a ver com o facto de ter trabalhado durante 20 anos na Serra da Estrela em projectos de luta contra a pobreza e exclusão social”. Consciente do valor das parcerias para potenciar o aproveitamento dos recursos das zonas rurais, José João Rodrigues decidiu colocar esse now how em prática quando veio viver para Coimbra. Resultado: idealizou o Agricabaz como meio de viabilizar as micro-produções e estruturas de economia social.
“Damos preferência ao biológico, mas como temos objectivos também sociais, nós compramos também caso as pessoas façam agricultura amiga do ambiente”, conta, sublinhando que os produtos biológicos são sempre certificados – um dos destaques desta semana é precisamente ananás biológico, importado pela Naturoccop (Porto), e que custa 2,60 euros/quilo.
Os artigos de mercearia é outra das apostas fortes do Agricabaz que tem parcerias com muitas entidades, como seja a Mercearia Pena, das Caldas da Rainha, que tem, entre outras, a particularidade de comercializar café, de marca própria, em avulso, ou a Câmara de Penela para a qual a loja embala as conhecidas nozes de Sicó (comercialmente pouco apelativas, porque são feias e pequeninas, mas têm a vantagem de se abrirem apenas com os dedos), que depois são também comercializadas no posto de turismo local.
Invulgar, e mesmo em vias de extinção, é a Pêra de S. Bartolomeu. Produzida entre Oliveira do Hospital e Viseu, a pêra-passa, nota o responsável, “não se come fresca”. “Primeiro descasca-se, é seca ao Sol, esmagada, e consome-se assim ou faz-se aguardente”, frisa. Diversas variedades de sal, com destaque para a flor de sal, marinho tradicional, sal para grelhados (com ou sem picante) ou para banhar os pés fatigados, estão também disponíveis na loja – José João Rodrigues está a explorar também a Salina Eira Larga, Figueira da Foz, que se encontra a certificar a Salicórnia, com vista a comercializar esta planta salgada, que pode ser usada como alternativa ao sal na alimentação.
A mais recente novidade do Agricabaz é a batata de Aguiar da Beira, da freguesia de Dornelas, fornecida pela Cooperativa Terra Preservada numa parceria com o projecto Dómus de Aguiar da Beira, que é apoiado pelo programa Progride. Promovido pela Santa Casa da Misericórdia em parceria com a Câmara local, este projecto resulta de uma dinâmica de há vários anos que teve início nos projectos de Luta Contra do distrito da Guarda.

Fundação Março de 2008

Ramo Mercearia

Morada Rua Quinta das Fonsecas, lote 4, loja 2, 3030-480 Coimbra

Site https://sites.google.com/site/agricabaz/home

E-mail agricabaz@gmail.com

Fonte:http://www.campeaoprovincias.com/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=5477&Itemid=81

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