sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Primeira candidata portuguesa

A primeira candidata portuguesa ao pastorado da Igreja Evangélica Presbiteriana, Maria Eduarda Titosse, afirma que foi a necessidade de trabalhar para Deus que a levou à função que vai desempenhar, a partir de Sábado, em duas paróquias.
“Nunca pensei ser pastora (…) Mas foi um processo, pouco a pouco senti a necessidade de trabalhar para Deus e ser a minha vida”, disse à agência Lusa Maria Eduarda.
Nascida no seio de uma família protestante, em Lisboa, há 42 anos, deu aulas de Português a estrangeiros, antes de optar por dedicar a vida à Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP).
Terminados os estudos de Teologia, em Madrid, o estágio foi realizado na povoação de Bebedouro, Montemor-o-Velho, uma pequena aldeia onde existe uma numerosa comunidade protestante.
“A igreja do Bebedouro já tem muitos anos, as pessoas conhecem muito bem a igreja e aceitam muito bem [a presença de uma pastora]. Dentro de uma aldeia pequenina é uma grande percentagem de pessoas que são protestantes”, frisou.
No entanto, a mudança da capital para uma pequena comunidade do centro do país trouxe mudanças ao dia-a-dia da candidata ao pastorado, que aponta a solidão e o afastamento da família como as maiores dificuldades.
Casada há oito meses, só vive com o marido desde há três, quando ele se mudou para norte e arranjou um emprego em Aveiro: “Para ele também é um grande esforço esta minha vocação”, sustenta Maria Eduarda.
“Foi muito difícil adaptar-me de Lisboa para a aldeia”, continuou, dando o exemplo de uma ida ao cinema que implica uma deslocação “de 50 minutos” de carro, até Coimbra.
Apesar das dificuldades, considera “muito interessante” a experiência na aldeia, no que ao acesso às actividades culturais e ao saber diz respeito.
“Quando se está na cidade as coisas vêm ter connosco, a nível de cultura e de saber coisas novas. Na aldeia temos de as ir procurar”, referiu.
Uma pastora da IEPP, sublinha Maria Eduarda Titosse “tem a seu cargo o crescimento espiritual de uma comunidade”.
Nele inclui-se a catequese, os cultos ao Domingo, festas, baptismos, casamentos e funerais mas também a visitação: “há sempre pessoas mais idosas que estão sozinhas, pessoas com problemas, devemos ir visitá-las”, explicou.
Percurso inverso ao de Maria Eduarda - que é ordenada Sábado, em Lisboa e vai ter a seu cargo, nos próximos seis meses, as paróquias de Bebedouro e Portomar (Mira) - é o de Sandra Reis, que cresceu na comunidade protestante da aldeia de Montemor-o-Velho, onde Domingo vai ser ordenada pastora, assumindo as paróquias da Figueira da Foz e Cova-Gala.
“Vir para a Figueira é estranho e é um desafio, é estranho porque as relações entre as pessoas são diferentes, as pessoas são mais distantes”, disse Sandra Reis.
A Igreja Evangélica Figueirense está implementada há mais de um século na cidade. Quando o actual templo foi inaugurado, há 77 anos, as crónicas da altura apontavam 300 lugares ocupados, mas hoje os fiéis praticantes não ultrapassam as duas dezenas.
“Isto para mim é uma realidade nova. Se comparar com a comunidade do Bebedouro é diferente, [na aldeia] tem todas as faixas etárias, tem crianças, tem jovens, tem casais jovens e, claro, as pessoas mais velhas”, frisou.
“Aqui [na Figueira da Foz] a faixa etária é elevada, quase não há crianças, jovens também não, é completamente diferente”, sublinhou Sandra Reis.

Fonte: http://www.radiocardal.com/detalheNoticias.php?id=2009

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