terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Historial de Verride

A origem da sua etimologia aparece envolta em lendas relacionadas com o período da reconquista cristã, mais propriamente com a figura do Abade João. Diz-nos a tradição que um certo capitão cristão teria subido ao "Monte Facho" e mirando os mouros teria exclamado para o abade e seus homens "É ver Ide". O confronto teria causado grande mortandade tendo aquela frase permanecido na memória dos habitantes das redondezas. Esta tradição é confirmada por uma lápide sepulcral, do séc. XVIII, encontrada na Quinta da Boa Vista.
Perde-se no tempo as primeiras referências históricas alusivas a esta localidade. Porém, acredita-se que a sua existência seja anterior à formação de Portugal. Em Novembro de 1186 Verride recebe uma carta de povoação, concedida pelo alcaide de Santarém, Soeiro Mendes. Mas já anteriormente o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra teria providenciado um documento idêntico datado de 1159 em que essa instituição compra a um ascendente de Paio Guterres "marionhas junto a veride".
Alguns anos mais tarde, cerca de 1190, sabemos que foram aí assoreados pântanos, já que a vila possuía uma flora característica de terrenos pantanosos e alagados, motivados pelas famosas "cheias" do Mondego.
Desde sempre esta povoação constituiu um pequeno núcleo de humildes pescadores que viviam exclusivamente do rio e do mar, trabalhando os seus habitantes nas salinas que rodeavam as margens do Mondego.
Em meados do séc. XVII, o porto de Verride tinha uma importância considerável, fomentando o seu desenvolvimento ao nível da indústria naval, possuindo estaleiros próprios que permitiam o contacto mais directo com o mar. Mercê desta posição muitos dos seus habitantes participaram na epopeia dos Descobrimentos.
Ao falar-se de Verride não podemos subverter o papel desempenhado pelos monges de Santa Cruz que ali edificaram o majestoso convento de Almiara, local onde procuravam "aliviar do trabalho do mosteiro, uma vez no ano... por ficar esta quinta mais acomodada para a recreação e alívio que os religiosos do dito mosteiro vão passar uma vez por ano seus turnos".
No ano de 1514 D. Manuel, ao conceder foral ao mosteiro de Santa Cruz é feita referência aos coutos de Verride, Arazede, Zambujal, Cadima, Quiaios, Alhadas e Maiorca. Passado algum tempo passa a pertencer à Universidade de Coimbra com juiz ordinário e corpo de câmara nomeado pela Universidade conforme um contrato de 19 de Setembro de 1514 sendo a jurisdição cível exercida por esta e a de crime por Montemor. Quando D. Manuel concedeu foral à vila de Montemor e seu termo nele se regulamenta também as barcas de passagem da Coroa Real que andavam no Mondego incluindo a de Verride.
Fruto da instabilidade política resultante do período liberal o concelho de Verride, pelo decreto de 16 de Maio de 1832, fica a pertencer à comarca da Figueira da Foz. Passados alguns anos uma nova reforma administrativa recria o concelho de Verride mas que tem, porém, poucos anos de existência já que a 31 de Dezembro de 1853 é incorporado no concelho de Montemor-o-Velho juntamente com as freguesias de Reveles e Vila Nova da Barca.

Fonte: http://padreantoniocpps.no.sapo.pt/Verride.htm

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