sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Professora Lina Carregã ao nosso jornal a propósito de ” O Piolho Zarolho e o Arco-Íris da Amizade”

“O Piolho Zarolho e o Arco-íris da Amizade” assinalou o “Dia Internacional das Pessoas com Deficiência”
No passado dia 3 de Dezembro, a propósito do “Dia Internacional das Pessoas com Deficiência”, realizou-se no Auditório do Instituto Nacional para a Reabilitação, em Lisboa, mais uma apresentação do livro “O Piolho Zarolho e o Arco-íris da Amizade”, da escritora Lurdes Breda, editado pela Editora Temas Originais.
Um projecto desenvolvido em pareceria com a Unidade Funcional de Montemor-o-Velho, da APPACDM de Coimbra.
Esta obra, editada em Fevereiro último, já percorreu, em apresentações públicas, várias localidades do nosso país, como é o caso de Coimbra, Montemor-o-Velho, Leiria, Cortes, Porto e Lisboa.
Estão ainda previstas, com o apoio do Instituto Nacional para a Reabilitação, apresentações em Oliveira de Azeméis, Tondela e novamente Lisboa, para além das muitas sessões que a autora realiza nas escolas com professores e alunos.
“O Piolho Zarolho e o Arco-íris da Amizade”é um livro infantil bilingue, que utiliza que utiliza o Português convencional e o sistema de Comunicação Alternativa e Aumentativa, nomeadamente, o software Comunicar com Símbolos e os Símbolos para a Literacia da Widgit, da CNOTINFOR.
Este método tem a vantagem de ter uma tradução automática em 16 países diferentes, que empregam uma simbologia comum a todos eles.
Escrever este livro não foi fácil, porém, editá-lo foi um processo bem mais complexo, pois a maioria das editoras, e inclusivamente dos cidadãos, desconhece as vantagens que um livro como este pode oferecer, preferencialmente, a um público com necessidades especiais.
Trata-se de um livro que vai permitir outras formas de comunicar, sobretudo, para quem tem dificuldades de comunicação verbal ou escrita.
Conta-nos a história do Zarolho, um piolho que afinal ficou cem cisco no olho, e utiliza uma das ferramentas pedagógicas da Comunicação Alternativa e Aumentativa que é o Software Educativo da Escrita com Símbolos.
Para mim, enquanto técnica da Unidade Funcional de Montemor-o-Velho, da APPACDM de Coimbra, é um orgulho poder partilhar este livro, não só pelo saber adquirido, fruto de alguns meses de trabalho, como, também, pela partilha de experiências que muito enriqueceram a minha prática pedagógica.
Este livro significa, igualmente, para os utentes com Incapacidade Intelectual Moderada, que nele intervieram, o reconhecimento das suas capacidades.
De um ponto de vista mais tecnicista, a participação neste livro proporcionou-lhes um conhecimento mais profundo do software utilizado, o que lhes permitiu uma evolução significativa em termos cognitivos e comunicativos.
Essa evolução teve implicações positivas ao nível do desenvolvimento da sua linguagem expressiva e da aquisição vocabular.
E porque a qualidade de vida do cidadão com Incapacidade Intelectual também se faz através da divulgação de projectos pedagógicos como este ─ de promoção e difusão de um produto, neste caso um livro ─ é necessário mostrar que estes indivíduos têm capacidades que necessitam de ser mostradas e valorizadas. A criação deste livro visa, fundamentalmente, proporcionar às pessoas com dificuldades comunicacionais, sistemas alternativos de comunicação e educar e promover a inclusão social, levando à diminuição de preconceitos relativamente ao cidadão com incapacidade intelectual e ou física.
Dada a escassez de histórias infantis que utilizem a Escrita com Símbolos no nosso país é perfeitamente justificável que se equacione a ideia de podermos contribuir para a criação de um livro, simultaneamente, lúdico e pedagógico, para os docentes de Educação Especial, que utilize este software educativo.
A ideia nasceu, depois de eu ter frequentado a disciplina de Sistemas Aumentativos e Alternativos de Comunicação, integrado no Curso de Especialização em Educação Especial, da Escola Superior de Educação de Coimbra.
Partilhei este desejo com a escritora Lurdes Breda, explicando-lhe que seria uma mais-valia quer para os intervenientes directos no projecto ─ utentes com incapacidade intelectual moderada ─ quer para o seu público-alvo: crianças com Necessidades Educativas Especiais, preferencialmente.
A intenção materializou-se na criação de uma história, composta por 20 quadras, que rapidamente foi convertida, pelo processo de Escrita com Símbolos, por cinco utentes da Unidade Funcional de Montemor-o-Velho.
O conhecimento prévio que os utentes tinham do Programa Escrita com Símbolos, das sessões de informática, facilitou, substancialmente, o seu desempenho na actividade.
O resultado do trabalho efectuado resultou na 1.ª versão da história, revista, posteriormente, pela autora e pela CNOTINFOR, que a redigiu na sua versão definitiva, no software Comunicar com Símbolos, com os Símbolos para a Literacia da Widgit.
O apoio dado por esta empresa, que comercializa e dá formação sobre este software, em Portugal, foi crucial para o rigor científico do trabalho.
Juntos, iremos continuar a lutar por uma sociedade que não estigmatize o cidadão portador de incapacidade e o exclua do convívio social e do lugar a que tem direito!
Profª. Lina Carregã
Unidade Funcional de Montemor-o-Velho, da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra.

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