quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ex-autarca socialista foi intermediário

O antigo vereador socialista na câmara de Coimbra Luís Vilar foi intermediário na alegada venda irregular do edifício dos CTT de Coimbra e é acusado de prevaricação, tal como o presidente da autarquia, o social-democrata Carlos Encarnação.
Além de Encarnação e Vilar estão constituídos arguidos todos os elementos do executivo camarário do mandato 2001-2005: Nuno Freitas, Mário Nunes e João Rebelo, todos eleitos pelo PSD, Manuel Rebanda, do CD), Rodrigues Costa, Carvalho Santos e António Rochette, do PS, e Gouveia Monteiro, da CDU. Pina Prata, eleito pelo PSD, ficou de fora porque se absteve na votação em causa.
Sobre eles recai a suspeita de terem violado a lei do arrendamento quando, em 2003, tomaram a decisão em executivo camarário de arrendar uma fracção à empresa Demagre, que adquiriu o edifício dos CTT. Antes, a AIRC estava alojada no Estádio Municipal de Coimbra, que foi demolido para construir um novo recinto para no Euro 2004.
Luís Vilar, então autarca socialista e presidente da Comissão Política Concelhia do PS, é também suspeito num processo de alegada corrupção passiva e tráfico de influências, que envolve a Bragaparques.
Neste processo, a aguardar a marcação de julgamento no Tribunal de Coimbra, Luís Vilar é ainda acusado de envolvimento activo na angariação de fundos para financiamento ilegal do PS.
Luís Vilar foi contratado em Dezembro de 2002 pela empresa TramCroNe - Promoções e Projectos Imobiliários, SA (TCN Portugal), como consultor e intermediador de negócios para a região Centro, e participou nas negociações do edifício dos Correios.
O edifício, onde a negociadora TramCroNe fora substituída pela Demagre como adquirente a 20 de Março de 2003, embora com os mesmos protagonistas, foi revendido no mesmo dia a uma empresa do grupo Espírito Santo por cerca de 20 milhões de euros, mais cinco milhões do que custara algumas horas antes (14.814.297,54 euros).
Por esses serviços de consultadoria Luís Vilar ganhava três mil euros mensais e cinco por cento de comissão pelo valor dos negócios que acompanhava. Na altura, acordou receber 500 mil euros por serviços prestados antes da entrada em vigor do contrato.
No segundo semestre de 2002, o ex-autarca afirmou, no processo que está para julgamento no Tribunal de Coimbra, ter sido abordado pelo amigo Carlos Godinho, um conhecido empresário conimbricense, que lhe terá perguntado se conhecia alguém interessado na compra do edifício dos CTT, na Avenida Fernão de Magalhães, em Coimbra, porque “estaria à venda”.
Em Dezembro do mesmo ano, Vilar organiza um jantar num restaurante de leitão da Bairrada, com a presença de Luís Godinho e com o presidente e o vogal da administração da TramCroNe (TCN Portugal), José Júlio de Macedo e Pedro Garcês, respectivamente.
Iniciam-se então as negociações para a aquisição, com Vilar a estabelecer contactos com a administração dos Correios e até a acompanhar o administrador holandês da TramCroNe Internacional.
Prestes a realizar-se a escritura, Júlio Macedo aparece a acompanhar pessoalmente o processo e a Demagre - Compra de Imóveis para Revenda, Lda. substitui a TramCroNe como adquirente.
Mas os protagonistas são os mesmos. Júlio Macedo e Pedro Garcês são os gerentes da Demagre e sócios minoritários da mesma, cuja quota maioritária era detida pela sociedade por quotas MGPlus, cujos únicos sócios e gerentes eram precisamente os mesmos.
A partir de Março de 2003, Luís Vilar é substituído na prestação de consultadoria à TramCroNe pela Rosigna, Consultadoria à Implementação de Projectos, Lda., empresa familiar onde o seu filho era sócio-administrador e ele próprio gerente, embora sem qualquer quota em seu nome.
Em 2005, Pedro Garcês aparece novamente como o rosto de um grupo de investidores do hospital privado Unidade de Saúde de Coimbra, que ocupou uma parte do edifício dos CTT e que agora está em processo de falência. Naquela altura fazia parte da empresa de cuidados de saúde a Associação Fernão Mendes Pinto, liderada por Victor Camarneiro, que chegou a candidatar-se à Câmara Municipal de Montemor-o-Velho pelo PS.

Fonte:http://www.destak.pt/artigos.php?art=34751

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