segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momentos da época medieval em terras de Baixo Mondego

A Ceia Quinhentista, sábado à noite, marcou um período histórico, convidando os visitantes a uma descoberta “no centro do reino, no seio da família real”. Num cenário em que a magnificência se conjugou com a austeridade, o rigor histórico e a qualidade de serviço a que Montemor-o-Velho já habituou os seus visitantes, o Claustro do Convento dos Anjos recebeu dezenas de convivas para celebrar a reconstituição da visita da Princesa Santa Joana a terras do Baixo Mondego, no ano de 1485. E foi num requintado jantar, com “potage de leguminas”, porco assado em espeto, puré de maçã e castanha, perada, tigelada, ovos de fio, púcaros de natas com frutos secos, bacios de fruta verde, entre outras iguarias, e animação musical pelo Cantus Anonimus, além dos pregoeiros, músicos, saltimbancos, malabaristas e cuspidores de fogo, que foi recriado este momento quinhentista.
Ontem, após a celebração de eucaristia, em que o padre José Luís Ferreira, na sua homilia, aludiu «à ambiência medieval, em que os cristãos também celebravam a sua fé e solidariedade», teve início a “feira franca” com a leitura da Carta de Feira, concedida por D. João I, em 1426, no Adro da Igreja de Santa Maria da Alcáçova.
Pela feira não faltaram as figuras típicas da época: almocreves, saltimbancos, malabaristas, bobos, feiticeiros, aguadeiros, adivinhos, mendigos e os jogadores, além dos hortelões e camponeses que tentam sempre enganar os almotacês (aqueles que controlam os preços e as medidas de aferição). À venda estiveram produtos da terra, como por exemplo, as hortaliças, as frutas, os frutos secos, as leguminosas, os grãos e o feijão, os cereais ou azeite e vinho. Também não faltaram as aves de capoeira, ovos, pão, peixe, carnes, enchidos, sopa do lavrador, assim como louças, queijo, sal e artesanato. Marcaram presença as tendas do tabelião de notas, do ourives, do ferrador, do “barveiro”. Donzelas, senhores feudais, pajens, trovadores, mercadores e vendilhões encheram de cor e de som este cenário medieval. O senhor feudal investe cavaleiros...Num canto, um sem alma encarna Satanás...À porta da igreja, o mendigo estende a mão e pede esmola...Frades passeiam-se por entre a multidão “libertando dos pecados as almas mais denegridas”, enquanto jovens trovadores exaltam alegremente os dons das suas amadas... “não queirais vós saber o fogo que este meu mui pequeno coração encerra”. Personagens que garantiram o colorido desta recriação histórica.
Após o almoço, e numa iniciativa da Associação de Amigos de Dom Pedro e Dona Inês, a Igreja de Santa Maria da Alcáçova acolheu o lançamento da publicação “Inês de Castro, Ano Inesiano”, evocando o ano de 1355, quando D. Afonso IV decidiu a morte de Inês de Castro, em Montemor-o-Velho. A cerimónia foi presidida por Pedro Machado, vereador do município, e a publicação foi apresentada por Maria José Azevedo Santos. A sessão foi animada, numa encenação musicada da lenda da Princesa Zuleida, da autoria de Lurdes Breda, pelo grupo da APPACDM - Unidade Funcional de Montemor-o-Velho.
Logo a seguir, o Grupo de Teatro de Sobral de Ceira encenou “o cerco ao Castelo, por ordem de D. Afonso II, numa investida contra a sua irmã Rainha D. Teresa, no ano de 1212”. Ainda, no castelejo, os visitantes foram convidados a saudar o Regente Infante D. Pedro e o jovem D. Afonso V, e assistir, como em 1445, ao Torneio a Cavalo e a demonstrações de tiro com arco.
De realçar a cumplicidade dos movimentos associativos do concelho, que contribuíram para o sucesso da iniciativa, preservando e divulgando momentos culturais e sociais da época medieval em terras de Montemor-o-Velho.

Escrito por Aldo Aveiro
In http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=2475&Itemid=135

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